Elizeth e Zezé tem muito em comum: São cantoras, são mulheres, negras, brasileiras, ambas mergulharam numa espécie de underground da vida musical carioca, emergiram e venceram num país que ainda o machismo e racismo estão presentes! Não deve ser fácil imaginar as dificuldades enfrentadas. Mas isso me faz lembrar das grandes divas: Bessie Smith, Billy Hollyday, Lenna Horn, todas divas, Black Divas.

Sempre digo que as histórias sempre se repetem. E olha a estória se repetindo: Zezé canta Elizeth. Uma diva cantando o repertório de outra! E é com enorme prazer que aceitei fazer esse espetáculo. Primeiro Zezé que sou amigo, já fomos colegas de novela e eu tive o prazer de dirigi-la no musical “Abre Alas”, e ficou aquele gostinho de quero mais! Zezé é um ícone! Ela canta com timbre adocicado, e tem olhos felizes, ótima atriz e está mais do que pronta para encarar essa outra Divina.

O show é isso! Uma humilde e generosa homenagem a nossa Divina, que começou a carreira como Elisete que trabalhava como taxi-girl de dancing e passou maus bucados, mas que superou sem queixas e se transformou na Elizeth (assim mesmo, com z e th) numa das maiores intérpretes brasileiras. É um espetáculo da maior música brasileira, num período de ouro, onde o beco das garrafas era ponto de encontros de artistas e não de traficantes, e principalmente a uma espécie rara que vive para isso: A perpetuação de sua obra! Tem uma frase que eu adoro, de outra diva negra, Ella Fitzgerald, quando perguntada sobre como era sua vida fora dos palcos: Ella deu uma longa pausa, como se tivesse se perguntando isso pela primeira vez e respondeu com aquele delicioso sorriso: Existe vida fora deles? O meu show é sempre essas mulheres! Elizeth, Zezé, Maysa, Elza, Elis, Ella, Sarah, Bllly, Lenna, Nina e tantas outras Divinas!

(Charles Moeller)

FICHA TÉCNICA

Equipe de Direção

Direção, cenário e figurino: Charles Moeller

Direção Musical: Roberto Menescal e Flávio Mendes

Fotografias: Nana Moraes

Músicos

Guitarra: Marcos Amorim

Bateria: Rafael Barata

Teclado: Délia Fischer

Baixo: José Luís Maia

REALIZAÇÃO MONTENEGRO E RAMAN

Repertório

TUDO É MAGNÍFICO Haroldo Barbosa – Luiz Reis

PRECE Vadico – Mariano Pinto

NOSSOS MOMENTOS Haroldo Barbosa – Luiz Reis

A NOITE DO MEU BEM Dolores Duran

FEITIO DE ORAÇÃO Noel Rosa – Vadico

CONSOLAÇÃO Baden Powell – Vinicius de Moraes

TEM DÓ Baden Powell – Vinicius de Moraes

TRISTEZA Haroldo Lobo – Niltinho

AMOR E A ROSA Pernambuco e Antônio Maria

NOITES CARIOCAS Jacó do Bandolim – Hermínio Bello de Carvalho

LAMENTO Pixinguinha – Vinícius de Moraes

CHEGA DE SAUDADE Antônio Carlos Jobim – Vinícius de Moraes

BARRACÃO Luiz Antônio – Teixeira

SAMBA TRISTE Baden Powell – Billy Blanco

MOLAMBO Jayme Florence – Augusto Mesquita

ESTRADA BRANCA Antônio Carlos Jobim – Vinícius de Moraes