A diversidade está presente em Sonhos, Encontro de Dança Coral e Mostra de Artes que a Associação e o Núcleo Morungaba apresentaram no Centro Cultural São Paulo. O encontro colocou no mesmo palco cerca de 140 crianças, adolescentes e adultos, portadores ou não de necessidades especiais, de diferentes classes sociais e econômicas, que integravam os Projetos Artes Plásticas, Estimulação, Descobrir e Dança Educativa do Morungaba. O ingresso para o Encontro foram 2 quilos de alimento não perecível.
Empreendedora social à frente da Associação e do Núcleo Morungaba, a fonoaudióloga e dançarina Renata Neves é responsável pela coordenação geral de Sonhos, construído a partir das experiências e das propostas apresentadas pelos integrantes dos Projetos do Morungaba durante todo o ano de 2001. Além da apresentação, o evento contou com a exposição de pinturas, desenhos, colagens e bonecos de papel machê feitos pelos participantes do Projeto de Artes Plásticas do Morungaba, coordenado por Joyce Bisca.
A mostra de Artes estava integrada ao Projeto de Dança, e aconteceu no Hall Anexo a Sala Adoniran Barbosa, no Centro Cultural São Paulo.
DANÇA CORAL: SONHOS
Desde sua fundação em 1989, ao final de cada ano, o Núcleo e a Associação Morungaba promovem uma apresentação com integrantes de diversas realidades sociais e condições físicas, que se reúnem em um só palco numa enorme confraternização. Cada encontro representa o resultado do processo de trabalho desenvolvido no ano que se finda.
Partindo do tema Sonhos, os integrantes dos Projetos puderam levar suas ideias aos grupos, que depois foram ordenadas por Renata Neves. Além da concepção da história, figurinos e cenários são obras dos trabalhos realizados pelas crianças e adolescentes participantes dos Projetos nesse período. Renata Neves assinou a trilha sonora, composta por músicas da tradição da cultura popular brasileira para crianças.
Alice, No País das Maravilhas, encantadores de serpentes, espaço sideral, seres da natureza e brincadeiras de criança foram algumas das referências encontradas em Sonhos, que teve início com um grupo de mães colocando seus filhos para dormir, enquanto contavam o sonho de vir para São Paulo – tratam-se dos participantes do Projeto Descobrir, moradores da favela do Jaguaré. Antes de entrar ao teatro, porém, os espectadores deveriam passar pelo “Corredor de Sensações”, onde o tato, o olfato, a audição e a visão eram aguçados por aromas, jogos de espelhos, vozes de crianças e objetos confeccionados pelos próprios integrantes, para purificar e preparar a platéia na sua entrada ao mundo onírico.
O QUE É O MORUNGABA
Criado em 1989 por Renata Neves, fonoaudiológa, professora de dança formada pela bailarina Maria Duschenes e mestre em distúrbios da comunicação, o Morungaba (beleza em tupi) busca a valorização do ser humano, de suas verdades, interesses e potencialidades, por meio da Associação, que atua em espaços públicos ou na comunidade; e do Núcleo, sediado em Pinheiros.
Em seu Núcleo, são desenvolvidos Projetos nas áreas da Dança Educativa e das Artes Plásticas para crianças a partir de 03 anos, jovens e adultos portadores e não portadores de necessidades especiais. Na área de dança, o trabalho é baseado na metodologia desenvolvida pelo húngaro Rudolf Laban, aplicada na dança, no teatro, na educação e na saúde; a estrutura coreográfica empregada é simples, inspirada na observação das ações cotidianas e no prazer do gesto coletivo. Já nas artes plásticas, coordenada por Joyce Bisca, a idéia é explorar a dinâmica criativa, por meio do exercício da expressão plástica, além de desenvolver o universo imaginativo, perceptivo e produtivo de cada um.
Com ações gratuitas, a Associação Morungaba atende crianças e jovens de 02 a 18 anos que vivem em situação de risco social, e portadores de necessidades especiais, além de familiares e educadores. O Projeto Estimulação iniciou-se em 1991. Hoje ele conta com estagiários das Faculdades de Psicologia e Comunicação e Arte do Corpo, da PUC-SP, e vem oferecendo oportunidades para que crianças e jovens da Associação Beneficente Santa Fé (que abriga ex-moradores de rua, na Vila Mariana), do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (instituição que recebe vítimas de maus tratos e abandono, no Bom Retiro) e do Movimento Moradia do Centro (grupo de moradores de ocupações no Centro de São Paulo), além de moradores da Vila Mariana, possam se integrar à sociedade. Trata-se de um trabalho de resgate da própria cidadania, em que são incentivados a busca do auto conhecimento, da consciência corporal, a ampliação do repertório do movimento, o desenvolvimento da criatividade e, principalmente, a integração ao grupo. Já o Projeto Descobrir, que conta com um grupo de estagiários composto por alunos de Terapia Ocupacional da USP, Psicologia da PUC e também alunos do segundo grau do colégio Santa Cruz (curso Ética e Cidadania), é voltado para os moradores da favela do Jaguaré, que passam por exercícios corporais e “de cidadania” para treinar limites, responsabilidades e cooperação.
Projeto de Estimulação – 40 crianças e jovens do Movimento Moradia do Centro; Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto; Associação Beneficente Santa Fé; e da Vila Mariana.
Projeto Descobrir – 120 crianças de dois a seis anos, além de um grupo de pais, da comunidade da favela do Jaguaré.
O evento aconteceu no ano de 2001, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação.
Créditos: Lina Wurzmann