“Smart Lights – Luzes Inteligentes” chega ao Farol Santander Porto Alegre com obras interativas e contemplativas de light art

 

Fotos: https://drive.google.com/drive/folders/1uwMwFCr1YdEq7NnMSMBKj35anwPc9U7E?usp=sharing

 

Mostra acontece de julho a setembro e vai reunir sete instalações que utilizam a luz como sua principal fonte de inspiração

O  mezanino do Farol Santander Porto Alegre será tomado por uma experiência luminosa única com a exposição “Smart Lights – Luzes Inteligentes”. De 19 de julho (quarta-feira) a 24 de setembro (domingo), o público terá a oportunidade de contemplar e interagir com obras de artistas brasileiros como Anaisa Franco, Gisele Motta e Leandro Lima, Guto Requena, Modular Dreams, Rejane Cantoni e Sabrina Barrios. Pela primeira vez em Porto Alegre, a exposição é uma oportunidade única para explorar as possibilidades da performatividade lumínica.

A mostra proporciona uma imersão no fascinante mundo da light art, com obras que já transitaram no circuito artístico e têm a luz como fonte primária de suas ativações poéticas. Seja por meio da interatividade, do site-specific ou da imersão, a luz assume diversas dinâmicas de expressão, proporcionando uma experiência estética e sensorial única aos visitantes. 

São sete obras selecionadas de seis artistas convidados, cada um com sua abordagem singular. A mostra apresenta a obra imersiva site-specific de Sabrina Barrios, que utiliza a luz como matéria espacial para criar uma trama luminescente e que faz uma alusão ao metaverso. A escultura autônoma “Zero Hidrográfico”, de Motta & Lima, realiza uma dança robótica de luz e cor, remetendo ao movimento das ondas. A robusta e delicada obra “Periscópio”, de Rejane Cantoni, proporciona uma imersão contemplativa aos espectadores ao levar o ciclo do sol para dentro da exposição, em uma homenagem ao deslumbrante pôr-do-sol no Guaíba.

Para aqueles que buscam uma experiência interativa, as obras “Dreamdeck”, da dupla Modular Dreams, “Banco das Emoções”, do Estúdio Guto Requena e “Expanded Iris” e “Love Synthesizer”, de Anaisa Franco, convidam o público a participar de um universo lúdico, onde a troca de experiências e o compartilhamento de emoções são parte das obras em si.

Com curadoria do Instituto URBE, a seleção das obras reflete a consistência dos artistas convidados e a densidade conceitual presente em cada trabalho. Muitos dos trabalhos exibidoss já tiveram participação em exposições internacionais e receberam reconhecimento no circuito global de arte e tecnologia.

Sobre os artistas e as obras

ANAISA FRANCO

Love Synthesizer, 2020 

Instrumento audiovisual que sintetiza sons e luzes pelo toque da pele entre duas ou mais pessoas. A obra cria uma orquestra interativa que reage ao contato humano, criando uma ligação mágica entre as pessoas dentro de um instrumento musical envolvente.

Expanded Iris, 2022

Instalação interativa que escaneia a íris do usuário e mescla com galáxias e nebulosas através de um software customizado e de um telescópio impresso em 3D formado pelo alongamento do escaneamento da íris da artista. 

GUTO REQUENA

Banco das Emoções, 2023

Obra de arte e tecnologia interativa criada pelo Estudio Guto Requena para ser implementada como mobiliário interativo. Os convidados podem se sentar e, através de sensores especialmente posicionados, eles podem trocar em tempo real seus batimentos cardíacos, ativando as caixas sonoras hápticas instaladas por dentro dos bancos (bass shakers), fazendo a peça vibrar e as luzes pulsarem no ritmo cardíaco dos visitantes. 

Os usuários poderão se conectar em 2 pontos distintos dentro da exposição trocando seus batimentos cardíacos com os demais usuários, sempre em duplas, através de efeitos luminosos e vibrações aplicadas à estrutura de madeira do banco, em sincronia com a iluminação. 

Conceitualmente esse projeto segue uma linha de mobiliários interativos já desenvolvidos pelo Estúdio Guto Requena em consonância com os princípios da arte pública, ligados à tecnologia e à humanização das relações entre os usuários, compartilhando trocas vitais num jogo de alteridade e imprevisibilidade entre indivíduos “anônimos”. 

MODULAR DREAMS

Dreamdeck, 2019 

Um brinquedo eletrônico interativo para todas as idades que também funciona como um mobiliário urbano, convidando o passante a subir, equilibrar-se e movimentar-se.  O movimento e o peso do próprio corpo de quem sobe no relevo interativo instalado no chão acionam as imagens dos vídeos cintilantes que alimentam a malha de leds disposta sob a obra. 

Por meio de estímulos sensoriais táteis e visuais, a obra incentiva atividades de equilíbrio e força muscular, contribuindo não só para o desenvolvimento de habilidades motoras, mas também para a interação social entre pessoas de diferentes idades, fortalecendo o senso de pertencimento comum ao espaço público e à cidade. 

MOTTA & LIMA

Zero Hidrográfico (2010) 

Obra composta por 60 lâmpadas fluorescentes T5, 36 mecanismos motorizados de dimensões variáveis.  As ondas na superfície do mar, que aparentemente parecem ser o deslocamento da água, na realidade se referem apenas ao deslocamento do movimento da onda sem que haja deslocamento da água. Zero hidrográfico (Chart Datum) é a altitude de referência a partir da qual são medidas as profundidades do oceano. A alteração do nível das águas do mar é um dos principais riscos associados ao aquecimento global tendo como consequência a elevação do nível médio dos oceanos. 

REJANE CANTONI

Periscópio, 2023 (obra site-specific)

Escultura site-specific projetada para imergir o visitante em uma paisagem. A escultura é composta por módulos cilíndricos, uma tela de projeção e um projetor. Os módulos são estruturas de madeira revestidas com espelhos. Alinhados e conectados entre si, eles formam um cilindro com 10 metros de comprimento. Em uma extremidade do cilindro, a tela de projeção exibe o horizonte de Porto Alegre em diferentes momentos e sob diferentes condições climáticas. Escultura de escala arquitetônica, Periscópio convida o visitante a imergir em um objeto óptico, interagir com o espaço e com outros visitantes e vivenciar as mudanças de luz do horizonte da cidade de Porto Alegre.

SABRINA BARRIOS

Sem título, 2023

Para o Smart Lights, Sabrina propõe uma obra site-specific, ou seja, criada diretamente no espaço para que dialogue com a arquitetura do edifício, o ambiente e a cultura local. Suas obras geralmente são compostas por instalações, pinturas e murais escultóricos que remetem a hologramas, metaverso, outras dimensões e realidades possíveis. Sua conexão com a ancestralidade, filosofias não-hegemônicas e a geometria sagrada se mesclam com suas pesquisas sobre redes tecnológicas, como hiperconectividade, web 3.0 e realidade aumentada.

Essas referências a levaram a criar o conceito de “tecno-ancestralidade”, que é um convite à presença no presente, com entendimento do passado e conexão com o futuro–bem como com a Natureza, com o cosmos e entre os homens. As instalações criadas pela artista inserem o público numa esfera tecnológica ao mesmo tempo em que simulam nossas redes de conexões ancestrais.  Sabrina foi batizada ainda bebê na Umbanda, tradição vinda dos avós, médiuns de terreiro. Essa herança familiar é visível nos padrões visuais tribais, nos processos ritualísticos e nas questões de ancestralidade e espiritualidade que sua arte deflagra. Estão ali também influências da cultura indígena brasileira e do Candomblé. Ainda que em suas instalações a realidade virtual pareça mais real do que o mundo material, haja vista que num primeiro momento nos remetem a um ambiente tecnológico, a obra da artista (construída a partir de grids transparentes e linhas brancas, que brilham devido a projeção da luz ultravioleta), promove o retorno à essência, traduzida na simplificação de formas e cores, em códigos, símbolos, e na geometria sagrada (uma ciência antiga que explora os padrões de energia que criam e unificam todas as coisas, e revela a maneira pela qual o universo se organiza).  Em uma sociedade engolida pela ilusão digital da vida perfeita, fake news e mecanismos de monitoramento de dados pessoais mas que ainda preza por conexões físicas, afetos e a sabedoria ancestral, sua obra reflete a dualidade entre mundo físico e mundo digital–algumas vezes antagônicos, outras, complementares.

Sobre o Instituto URBE

O URBE é um instituto sem fins lucrativos que promove reflexões, pesquisas e projetos que interseccionam arte, arquitetura, espaço público e tecnologia. Em parceria com artistas visionários, pensadores, instituições e marcas,  buscamos transformar e integrar espaços por meio da arte e da cultura, reimaginando constantemente o papel de uma organização artística em consonância com o futuro.

Nossa atuação diversificada abrange obras comissionadas, exposições e performances, além de programas educativos e publicações, acessibilizando a arte contemporânea ao público através de projetos e experiências inovadoras que colaborem para a construção de uma sociedade mais inclusiva e inspiradora.

www.institutourbe.org.br
@instituto.urbe

Sobre o Farol Santander Porto Alegre

Criado para relembrar o passado, marcar o presente e iluminar o futuro, o Farol Santander Porto Alegre completou quatro anos em março de 2023. Neste período, recebeu 12 exposições de artes visuais, em diversas temáticas, com artistas nacionais e internacionais, divididas entre os espaços do Grande Hall e do Mezanino. Em 2022, o Farol Santander Porto Alegre ampliou sua atuação cultural com concertos de música clássica e popular, além de espetáculos de dança. 

Projetos conectados à gastronomia, como o Restaurante PopUp!, além de inovações culturais como o Extensões e o Farol.Live, também passaram a ocupar o edifício no Centro da capital gaúcha. Ainda em 2022, o Farol Santander Porto Alegre marcou presença como uma das instituições participantes da Bienal do Mercosul 2022.

O histórico prédio, construído na década de 1930 e tombado pelo patrimônio histórico e artístico estadual, também possui atrações permanentes. No subsolo, a exposição fixa Memória e Identidade apresenta a história da cidade, do prédio e da política monetária brasileira. Também no subsolo, a outra mostra permanente, Os Dois Lados da Moeda, conta com um importante acervo de numismática do Rio Grande do Sul, propondo uma analogia entre as moedas “oficiais” e “não oficiais” que circulavam na região. Nas laterais da sala é contada a evolução da moeda oficial do estado brasileiro.

Além dos espaços já citados, o Farol Santander Porto Alegre conta ainda com duas arenas para discussões e debates acerca de temas como cultura e gastronomia. O subsolo do prédio ainda oferece aos visitantes o Kofre Café e o restaurante Moeda.