O SESC Pinheiros apresentou o espetáculo “Ballet Stagium Dança o Movimento Armorial”, montagem dedicada a Ariano Suassuna e ao movimento idealizado por ele no início dos anos 70, com a proposta de criar uma arte brasileira erudita, embasada nas raízes populares. No palco, o público pode conferir um espetáculo de dança que explora a literatura de cordel, os toques da viola, a rabeca dos cantadores. Dessa forma, repertório musical, histórias de cordel inseridas durante a apresentação, figurinos e cenário formam um perfeito diálogo com as raízes da cultura popular brasileira, especialmente a nordestina.
A palavra “armorial” significa “livro de registros de brasões”. Mas ao transformar esse substantivo em adjetivo para classificar o movimento que iniciou, Ariano Suassuna tinha o propósito não de destacar os brasões da elite, mas a cultura popular. Assim, pretendia chamar a atenção para as manifestações culturais como material extraordinariamente rico para inspirar a literatura, o cinema, o teatro, a arte plástica e a arquitetura. Na mesma época em que se iniciou o Movimento Armorial, nasceu também o Ballet Stagium, que trilhou caminhos semelhantes, priorizando a dança erudita inspirada na cultura nacional.
No espetáculo “Ballet Stagium dança o Movimento Armorial”, a manifestação de Ariano Suassuna foi resgatada, com direção teatral de Marika Gidali e coreografia de Décio Otero. A trilha sonora foi baseada nas obras dos compositores Luis Gonzaga, Humberto Teixeira, Heitor Villa-Lobos, Antônio Carlos Nóbrega, Antônio José Madureira, Capiba, Richard Wagner e Ednardo. A análise de texto e a direção teatral trazem referencias da literatura de cordel, da mesma forma que os figurinos e o cenário de Marcio Tadeu.
MOVIMENTO ARMORIAL
O Movimento Armorial surgiu sob a inspiração e direção do escritor Ariano Suassuna, com a colaboração de um grupo de artistas e escritores da região Nordeste do Brasil e o apoio do Departamento de Extensão Cultural da Pró-Reitoria para Assuntos Comunitários da Universidade Federal de Pernambuco. Teve início no âmbito universitário, mas ganhou apoio oficial da Prefeitura do Recife e da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. Foi lançado, oficialmente, no Recife, no dia 18 de outubro de 1970, com a realização de um concerto e de uma exposição de artes plásticas, realizados no Pátio de São Pedro, no centro da cidade. Seu objetivo foi o de valorizar a cultura popular do Nordeste brasileiro, pretendendo realizar uma arte brasileira erudita, a partir das raízes populares da cultura do País.
BALLET STAGIUM
O Ballet Stagium teve seu início em 1971, época em que o cinema e a música popular eram fiscalizados pela censura da Ditadura Militar. Nesse panorama, o Stagium decidiu seguir um caminho diferente daquele que havia pautado a dança no Brasil até então: utilizou em suas criações as vertentes universais da dança com aspectos tipicamente brasileiros, conquistando um vasto público em todo o mais, cuja maioria era avessa a manifestações coreográficas até aquele momento. Suas produções adaptáveis aos mais diversos tipos de espaços permitem apresentações em pátios de escolas públicas das periferias dos grandes centros, favelas, igrejas, praias, hospitais, estações de metrô, entre outros. Seus diretores Marika Gidali e Décio Otero desde o início da companhia desenvolvem um programa de pesquisas em várias linguagens de dança. O caráter inovador pode ser percebido pelo Ballet Stagium ter sido a primeira companhia nacional a utilizar trilhas sonoras da MPB.
FICHA TÉCNICA
Coreografia: Décio Otero
Direção teatral: Marika Gidali
Seleção musical e mixagem da trilha sonora: Décio Otero
Cenário e figurinos: Márcio Tadeu
Malhas: Ballet do Centro
Compositores: Antônio Nóbrega, Antônio José Maduereira, Ednardo, Villa-Lobos, Capiba, Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira e Richard Wagner
Montagem e mixagem da trilha musical: Stagiusom
Desenho de luz: Décio Otero – Marcelo Gidali Jannuzzi
Participação coreográfica: Lívio Lima
Fotos e vídeo: E.P. Produções – Edgard Duprat
Grupo de pesquisa: Marika Gidali, Fábio Villardi, Ademar Dornelles, Décio Otero
Confecção de máscaras: Helô Cardoso
Confecção de figurinos: Judite Lima
Montagem de luz: José Luis da Silva
Coordenação de programação: Rogério Cantoni
Coordenação de Projeto Escola: Geralda Bezerra
Roteiro musical:
Intremeio para Rabeca e Percussão: Antônio Carlos Nóbrega
Cantiga: Antônio José Madureira
Algodão: Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
Área Cantilena da Bachianas Brasileiras n° 5: Heitor Villa-Lobos
Toque dos Caboclinhos: Folclore D.P – coreografia Lívio Lima
Toada e Desafio: Capiba
Rasga: Antônio Carlos Nóbrega
Romance da Bela Infanta: Antônio José Madureira
Morte de Amor de Tristão e Isolda: Richard Wagner
Incelência de Nossa Senhora: D.P.
Romance de Minervina: Antônio José Madureira
Pavão Misterioso: Ednardo
Intremeio para Rabeca e Percussão: Antônio José Madureira
Histórias de Cordel inseridas no espetáculo: “Histórias de Amor e Morte de Fernando e Isaura”, “Baile Medieval”, “A História do Pavão Misterioso”
Elenco: Denise Maçãs, Juliana Figueiredo, Paula Perillo, Renata Botta, Renata Collin, Tatiana Portella, Thaís da Graça, Edílson Ferreira, Eugênio Gidali, Jorge Lima, Lívio Lima, Marcos Palmeira e Paulo Magalhães.
O evento aconteceu no ano de 2005, com a Assessoria de Imprensa para o SESC Pinheiros.