O SESC Pinheiros apresentou “Ponte entre Povos”, obra da artista e pesquisadora Marlui Miranda, na qual, debruçada desde 2001, resgatou as produções de tribos localizadas na região do Amapá, ao mesmo tempo em que despertou em alunos de conservatórios de Macapá o interesse pelo estudo do repertório indígena. O resultado desse instigante, obstinado e imprescindível trabalho pode ser conferido em espetáculo musical, e está impresso em livro, com três CDs encartados, que foi lançado no dia 28. Também houve Mesa Redonda sobre o tema “Diversidade Cultural e Direitos Autorais” no dia 29.

ESPETÁCULO MUSICAL “PONTE ENTRE POVOS” (28, 29 E 30 DE JANEIRO)

O espetáculo foi composto por 45 integrantes, entre os quais 20 indígenas e 13 estudantes da Associação Musical Primavera – Escola de Música Walkíria Lima, de Macapá, além da Camerata Atheneum, composta por músicos da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Os indígenas pertenciam às tribos Wayana, Apalai, Katxuyana, Tiriyó, do Parque Indígena do Tumucumaque, e Palikur, localizada na região do Oiapoque, divisa com a Guiana Francesa. Os participantes são os mesmos desde o início do projeto, há três anos.

O repertório do espetáculo celebrou a união destes universos, prevalecendo a música indígena adaptada, com arranjos e contextos novos. Porém, houve dois momentos em que a música clássica conta com a participação dos indígenas, com seus instrumentos típicos, como na execução da “Pequena Serenata Noturna”, de Mozart, e a “Marcha Triunfal da Aida”, de Verdi.

A Etno Ópera teve regência de Lucian Rogulski, direção de Walter Neiva e direção musical, arranjos, piano e teclado de Ruriá Duprat. Marlui Miranda foi responsável pela concepção e direção geral e também cantou no espetáculo.

LIVRO “PONTE ENTRE POVOS”, COM CDS ENCARTADOS

(LANÇAMENTO: 28 DE JANEIRO)

O livro “Ponte entre Povos”, em português e traduzido para o francês e línguas indígenas, com 492 páginas, contém 33 partituras transcritas do total das 40 composições pesquisadas, fotos que registram os três anos de trabalho e textos de Lux Vidal (Doutora em Antropologia Social e professora no Depto. de Antropologia da Universidade de São Paulo – USP), Artionka Capiberibe (Mestre em Antropologia Social – Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP), Denise Fajardo Grupioni (Doutora em Antropologia Social na Universidade de São Paulo – USP), Eliane Camargo (Doutora em Lingüística na Universidade de São Paulo –USP), e Marlui Miranda (Cantora, compositora, intérprete de música indígena, organizadora da publicação).

O livro foi distribuído pelo SESC São Paulo para entidades culturais e, no lançamento, vendido para o público com retorno destinado aos Povos Indígenas do Amapá participantes do projeto. Nos três CDs encartados, dois reúnem as 40 composições do repertório indígena e um traz esta música em situações, arranjos e contextos novos.

MESA REDONDA “DIVERSIDADE CULTURAL E DIREITOS AUTORAIS”

No dia 29 de janeiro houve uma Mesa Redonda – “Diversidade Cultural e Direitos Autorais”, quando pela primeira vez os indígenas se inscreveram numa entidade arrecadadora de direitos autorais, a UBC – União Brasileira de Compositores. Participam da mesa: João Alberto Capiberibe (senador), Frederico Lemos (presidente da UNC – União Brasileira de Compositores), Sydney Sanches (advogado autoralista), Sérgio Leitão (Presidente do Instituto Fossilambiental) e João do Vale Pekiririwa Katxuyana (professor indígena Palikur). A mediação será de João do Vale Pekiririwa Katxuyana (professor indígena Katxuyana).

MARLUI MIRANDA

Cantora, compositora e pesquisadora, vem estudando a música tradicional dos indígenas brasileiros da Amazônia há duas décadas. Amplamente reconhecida como especialista e exímia intérprete da música dos índígenas da Amazônia, ela traduz e adapta tradicionais cantos e canções de muitas nações indígenas brasileiras. Marlui recebeu a medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura, como reconhecimento por sua contribuição pela preservação e difusão da cultura indígena. Já realizou projetos e gravações com importantes músicos brasileiros, como Milton Nascimento, Gilberto Gil, Egberto Gismonti e Nana Vasconcelos, além de compor música para cinema, documentários e séries de TVs. Trabalhou na supervisão musical e foi solista no filme de Hector Babenco, “Brincando nos Campos do Senhor”, e recebeu o prêmio de melhor música, no Festival de Brasília, pelo seu trabalho no filme de Luís Alberto Pereira, “Hans Staden”. Foi contemplada com as Bolsas Vitae, Rockefeller e Guggenheim e professora visitante do Departamento de Antropologia e etnomusicologia das Universidades de Chicago, Indiana e Dartmouth.

LUCIAN ROGULSKI

Romeno, da cidade de Bucarest, iniciou seus estudos musicais aos dez anos de idade. Entrou para a Orquestra Filarmônica de Bucarest, como líder dos segundo violinos, tendo fundado o Quarteto de Cordas Rogulski e a Orquestra de Câmera Capriccio. Tocou com grandes regentes tais como Karajan, Celibidache, Doráty, Barbirolli, Mehta. Acompanhou Nureyev em tournées pela Alemanha. Foi spalla da Orquestra Imperial de Teheran, a convite do maestro Ferhat Mechkat, em 1977. Em 1978, mudou-se para a Alemanha Ocidental onde foi, por cinco anos, violinista da Orquestra Sinfônica Municipal de Heidelberg, fundando o Trio Rogulski. Mudou-se para São Paulo a convite do maestro Isaak Karabtchewski, atuando, desde 1983, como I violinista da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo, e realizando apresentações do Trio Rogulski e da Camerata Atheneum, que ele fundou em 1983, seguindo uma carreira de 20 anos de intensa atividade artística.

 

FICHA TÉCNICA PONTE ENTRE POVOS:

Marlui Miranda (vocais, concepção, direção geral)

Walter Neiva (direção e cenografia)

Lucian Rogulski (regente, direção musical e coordenação pedagógica)

Ruriá Duprat (direção musical, arranjos, piano e teclado)

Camerata Atheneum

Alex Ximenes (violino I)

Otávio Nicolai (violino II)

Antonio Carlos de M. Pereira (viola)

Cristina Manescu (violoncelo)

Mauro Domenech (contrabaixo)

Carmen Garcia (flauta)

Otinilo Pacheco (clarineta)

André Ficarelli (trompa)

Sérgio Cascapera (trompete)

Participantes Wayana, Apalai, Katxuyana e Tiriyó do Tumucumaque:

João do Vale Pekiririwa Katxuyana

José Viana Mossoku Katxuyana

Patuli Wayana

Paxinã Poty Apalaí

Xumi Apalaí

Sarina Apalaí

Pimo Tiriyó

Petí Tiriyó

Purasi Tiriyó

Participantes Palikur do Oiapoque:

Emiliano Iaparrá ( Wadahyune )

Manoel Labonté ( Tebenkue Kawakyene )

José Constâncio Labonté ( Lag Kawakuyene )

Manoel Ioiô ( Motye Wayvuyene )

Cornélio Felício ( Abes Waxriyene )

Odília Batista ( Wakau Wakavunyene )

Jaqueline Iaparrá ( Jaqueline Wadahyune )

Sunamita Felício ( Weiwei Waxriyene )

Ozanita Iaparrá ( Wadahyune )

Dilva Labonté ( Dilva Kawakyene )

Wet Palikur

Nenélio Palikur

Estudantes de Música da Associação Musical Primavera – Escola de Música Walkíria Lima

Carmelo Marino (maestro e dirigente)

Violinos I: Igraci Chagas Queiróz Marino, Lana Patrícia Pantoja da Costa, Fabio Batista da Silva, Hernani Vitor Guedes, Genivaldo de Jesus Moraes e André Pantoja

Violinos II : Thiara Medeiros Nascimento, Rafaele Cordeiro do Carmo e Jorai Gurjão da Costa

Maria de Nazaré da S. Azevedo (Viola)

João Márcio Martins Campante (Violoncelo)

Caio Bruno Paulino da Silva (Clarineta)

André Garcia (Trompete)

O evento aconteceu no ano de 2005, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação para o SESC Pinheiros.