Entrevistas com 5 transgêneros feitas pelo ator foram gravadas durante a preparação para viver o personagem Eugênio, em A “Força do Querer”, da Rede Globo
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Hoje vai ao ar o primeiro episódio da série “Transversal”, com direção e montagem de Giuliano Zanelato, produção e realização de Marco Froner. A transmissão dos episódios será feita pelo Facebook de Dan Stulbach.
Em “Transversal”, Dan Stulbach realiza uma série de entrevistas com cinco transgêneros. Em 6 episódios de mais de 20 minutos cada, seus depoimentos são veiculados quase que na íntegra para dar uma visibilidade maior a suas histórias de vida e coragem, desde a infância até o processo de mudança de sexo. Ficaria difícil escolher trechos que não merecem ser mostrados, afinal todos causam reflexão.
Esse projeto surgiu da iniciativa do ator em compartilhar o aprendizado que teve quando se preparava para viver o papel de Eugênio, pai de Ivana, personagem que decide mudar de sexo ao longo da trama da novela “A Força do Querer”, da TV Globo. “Decidi dividir essas descobertas com vocês, com as pessoas que estão assistindo, com quem quer saber mais do assunto para diminuir o preconceito e aumentar o esclarecimento. Acho que isso não é uma questão só de quem é trans, mas uma questão da sociedade toda”, explica Dan.
A situação de Gabriel, entrevistado do primeiro episódio, ficou mais delicada quando ele ainda era menina e seu corpo passou por mudanças na adolescência. “O corpo se tornando feminino e eu não reconhecendo aquilo que estava acontecendo. Eu fiquei isolado”, lembra.
Depois de sofrer muito preconceito e de trilhar um longo caminho para se encontrar como pessoa, Gabriel assumiu um nome masculino e iniciou o tratamento para realizar a troca de sexo. Mas sabia que sua família precisava de tempo para se acostumar às mudanças: “Eu sempre falo que eu tive que respeitar um período de luto da minha mãe. Ela teve que deixar morrer a filha, pra nascer o filho e aceitar esse novo filho”.
Pedro, participante do segundo episódio, enfrentou problemas durante sua trajetória, mas foi capaz de superá-los ao longo do tempo. “Eu tive 21 anos da minha vida pra poder me entender e me aceitar”, conta.
Fernanda, que conversou com Dan no terceiro episódio, sentiu na pele os efeitos do preconceito: “Isso te lesa a ponto de você realmente comprar isso de que você é o errado. Você é o torto. Você é o que tem fora da normalidade. Você é o que tem que ser consertado. Você é o corpo errado. Você é a aberração.”
Em muitos casos, o preconceito não vinha só de fora, mas também de dentro da família. Rodrigo, entrevistado do quarto episódio, chegou a namorar um rapaz por pressão familiar. Na época, ele ainda usava seu nome feminino de registro e preservava uma aparência feminina. Ficou noiva, mas criou coragem para dar fim ao noivado. “Eu queria ser pai, não mãe. Pra mim sempre foi assim e eu sempre fui um homem. Eu estava namorando devido à pressão”, explica.
Mas quando há aceitação e apoio por parte da família, fica mais fácil de enfrentar o preconceito da sociedade. “Se meus pais, que são meus pais, estão de boa com isso, o mundo não pode mais me atingir. Eu decidi fazer a terapia hormonal. E depois disso só tem melhorado minha situação. A minha mãe mesmo percebe como eu consigo me abrir mais com eles e a melhora da minha relação com o mundo também”, relata Bernardo, participante do quinto episódio.
Quando Bernardo se abriu a seus pais por meio de uma carta, ouviu a seguinte resposta de seu pai: “Você é sangue do meu sangue, você é da minha família, eu só quero ver você feliz. Então a gente está junto para o que precisar”.
Apesar do ganho de direitos, o desrespeito a transgêneros está longe de acabar. Por isso iniciativas como a de Dan ajudam a conscientizar e diminuir o preconceito da sociedade. “Durante a novela toda estarei pensando em vocês. Tentarei trazer a causa sempre que perguntado , da maneira mais digna possível. E agora me sinto muito mais preparado pra isso graças a vocês. Obrigado!”, agradece Dan.
Episódio 1 – Gabriel – duração 26 minutos – 18 de agosto (sexta-feira)
Gabriel nasceu em uma cidade do interior. Desde criança não se identificava com o universo feminino. A partir do momento em que a questão de gênero ficou em evidência, sofreu preconceito e teve crises emocionais. Aos 17 anos se mudou para São Paulo. Primeiramente, se assumiu como lésbica. Mas isso foi apenas uma etapa para que ele tomasse a decisão de mudar de sexo e assumir um nome masculino. Hoje Gabriel é casado e tem uma boa relação com seus pais.
Sobre Dan Stulbach
É formado em Comunicação Social pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Sua estreia profissional foi protagonizando Peer Gynt, de Ibsen com direção de Roberto Lage em 1990. Trabalhou com grandes nomes do teatro brasileiro como Paulo Autran com quem fez Visitando Mr Green de Jeff Baron, Marco Nanini e Naum Alves de Souza. Entre as inúmeras peças destacam-se Novas Diretrizes em Tempos de Paz de Bosco Brasil espetáculo com o qual ganhou o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), Troféu Impressa e Premio Shell de melhor ator.
Atuou em Meu Deus! de Anat Gov junto com Irene Ravache e Direção de Elias Andreato, dirigiu A Toca do Coelho de David Lindsay-Abaire. Realizou e atuou junto com Danton Mello a peça 39 degraus de Patrick Barlow com direção de Alexandre Reinecke. Foi diretor artístico do Teatro Eva Hertz que se destacou pelo excelente nível cultural de sua programação abrigando montagens e artistas de relevância no cenário cultural de São Paulo.
Na Televisão fez várias novelas de sucesso como Mulheres Apaixonadas de Manoel Carlos, trabalho que o projetou nacionalmente em 2003 ganhando os prêmios Troféu APCA e Troféu Imprensa de Melhor Ator. Trabalhou em Senhora do Destino e Fina Estampa de Aguinaldo Silva e, ainda, nas minisséries Os Maias de Eça de Queiroz, Queridos Amigos e JK de Maria Adelaide Amaral entre outras. Fez um vilão cômico na série Som & Fúria com direção de Fernando Meirelles, todos trabalhos realizados para TV Globo. Ator e diretor de renome no Brasil é um dos mais importantes de sua geração.
Em 2017, Dan está no ar com a novela das nove, A Força do Querer, de Glória Peres, na TV Globo. O ator vive Eugênio, um advogado e empresário, irmão de Eurico (Humberto Martins), casado com Joyce (Maria Fernanda Cândido), pai de Ruy (Fiuk) e Ivana (Carol Duarte), que viverá o processo de transição para mudança de sexo. O personagem de Dan é um dos principais da trama, tendo seu envolvimento com Irene (Débora Falabella), um importante ponto do roteiro. A novela deve ficar no ar até outubro.
Até 12 de novembro, o ator estará em cartaz no Teatro Gazeta com a peça “A Morte Acidental de um Anarquista”, sucesso de bilheteria que já passou por mais de vinte e duas cidades e chega a sua quinta temporada em São Paulo.
Também em 2017, Dan esteve no ar com a exibição da série “Era uma vez uma História” da TV Bandeirantes, gravada em 2016. Apresentada por ele, ao lado da historiadora Lilia Schwarcz, a produção foi exibida em quatro episódios semanais e, está disponível no site da emissora. A série combina dramaturgia, documentário e entretenimento numa maneira nova de olhar para o passado e redescobrir o Brasil.
No cinema, ele faz parte do elenco de Rio-Santos, longa metragem dirigido por Klauss Mitteldorf e protagonizado por Bruna Marquezine. O filme se passa na paisagem litorânea da estrada Rio-Santos e deve ser lançado ainda neste ano.
Dan concorre ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro na categoria melhor ator coadjuvante, por sua atuação no longa “Meu Amigo Hindu”, lançado em 2016 e dirigido pelo aclamado diretor Héctor Babenco.
Às sextas-feiras, das 18h às 19h, Dan segue com o programa “Fim de Expediente”, na rádio CBN, que comemorou 11 anos de existência em abril 2017, com edição especial ao vivo, direto do auditório do MASP. Ao lado de Luís Gustavo Medina e José Godoy, o programa segue debatendo os principais temas e acontecimentos da semana, além de entrevistas com diversas personalidades.
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