CONCERTO DE VERÃO – Na abertura da Temporada 2008, a OSUSP promove concerto com obras de Villa-Lobos, o mais famoso compositor brasileiro, apresentando o ciclo completo das nove Bachianas Brasileiras

Em um concerto inédito no Brasil, a Orquestra Sinfônica da USP iniciou sua programação de 2008 com o “FESTIVAL VILLA-LOBOS”, na área interna do Auditório Ibirapuera.  Sob a batuta de seu diretor artístico e regente titular, Carlos Moreno, OSUSP executou as Noves Bachianas Brasileiras, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), recebendo como solistas a pianista Sônia Rubinsky e a soprano Rosana Lamosa. O espetáculo contou ainda com os comentários do compositor Almeida Prado.

 

O ciclo de nove “Bachianas Brasileiras” foi um dos destaques no conjunto da obra de aproximadamente mil composições de Villa-Lobos. A motivação para compor as obras do ciclo, de acordo com o próprio compositor, foram as semelhanças que encontrou entre músicas folclóricas do sertão brasileiro e a obra do alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750). As nove peças foram escritas entre os anos de 1930 e 1945, sendo que duas de suas obras mais gravadas pertencem a esse ciclo: a “Ária (Cantilena)” que abre as “Bachianas Brasileiras nº 5” e a “Tocata (O Trenzinho do Caipira)”, quarta parte das “Bachianas Brasileiras nº 2”.

Bachianas Brasileiras nº 1 – Composta em 1930, para conjunto de 8 violoncelos, teve a primeira audição dirigida pelo próprio Villa-Lobos, em 22 de setembro de 1932.

Bachianas Brasileiras nº 2 – Criada de 1930, para orquestra, estreou em Veneza, sob regência de Alfredo Casella.

Bachianas Brasileiras nº 3 – Escrita em 1938 para piano e orquestra, só chegou ao público em 19 de fevereiro de 1947, com José Vieira Brandão ao piano.

Bachianas Brasileiras nº 4 – Foi composta em 1930 para piano solo, tendo estreado com Vieira Brandão, em 27 de novembro de 1939. O arranjo para orquestra, de 1941, foi apresentado ao público em 15 de julho de 1942, em um concerto regido pelo próprio Villa-Lobos.

Bachianas Brasileiras nº 5 – A mais famosa do ciclo, para soprano e conjunto de 8 violoncelos.

Bachianas Brasileiras nº 6 – Composta em 1938 para flauta e fagote, estreou em 24 de setembro de 1945.

Bachianas Brasileiras nº 7 – De 1942, para orquestra, teve primeira audição regida pelo próprio Villa-Lobos, em 13 de março de 1944.

Bachianas Brasileiras nº 8 – Escrita para orquestra em 1944, estreada em Roma, em 6 de agosto de 1947, com a Orquestra da Academia de Santa Cecília, regida por Villa-Lobos.

Bachianas Brasileiras nº 9 – A última do ciclo, elaborada para orquestra de cordas em 1945. Contou com Eleazar de Carvalho dirigindo a orquestra que a apresentou ao público em 17 de novembro de 1948.

 
ORQUESTRA SINFÔNICA DA USP

Vencedora do Prêmio Carlos Gomes de 2006 na categoria Melhor Orquestra, tendo sido indicada na mesma categoria em 2005, a Orquestra Sinfônica da USP foi fundada em 1975 por Orlando M. de Paiva, então reitor da Universidade de São Paulo. Teve como primeiro maestro o compositor Camargo Guarnieri, sucedido após a sua morte pelo maestro Ronaldo Bologna. A partir de 2002, o maestro Carlos Moreno foi indicado como novo regente titular e diretor artístico da OSUSP, e desde então a orquestra vem promovendo o Projeto Academia, voltado ao aperfeiçoamento de músicos profissionais. Em 2003, foi retomado o Concurso Nacional de Composição Camargo Guarnieri, incentivando jovens autores brasileiros. O concurso se repetiu em 2005 e 2007. De 2006 a 2007, o professor Dr. Celso Hildebrand e Grisi atuou como diretor da orquestra, que nos últimos anos vem ampliando o seu corpo de instrumentistas de sopro e de percussão, convidando freqüentemente solistas e regentes consagrados para apresentações regulares no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Sala São Paulo e na Faculdade de Medicina. Atualmente, a OSUSP trabalha para alcançar a excelência da execução musical, tendo como marca a execução de Ciclos Sinfônicos completos, como Sinfonias de Beethoven, Brahms, Tchaikovsky, Schumann, Choros de Camargo Guarnieri, Poemas Sinfônicos de Korsakov e as Bachianas Brasileiras de Villa-Lobos, dentre outros. O objetivo da OSUSP é renovar abordagens, leituras, espaços de apresentação e programas, além de promover associações artísticas inovadoras e passeios pelas músicas erudita contemporânea e popular, conquistando diferentes perfis de público. Para isso, a OSUSP busca consolidar o que considera um empreendimento cultural: uma orquestra comprometida com a excelência musical e com atividades de extensão próprias de uma orquestra pertencente à Universidade de São Paulo. Tais atividades abarcam a formação de músicos e de novas platéias, garantindo o acesso não apenas à música erudita, mas a outras linguagens sinfônicas a partir de nossas riquíssimas raízes musicais ou de repertórios de nossos maiores compositores populares.

 

MAESTRO CARLOS MORENO

Carlos Moreno, natural da cidade de Petrópolis, é vencedor do Prêmio Carlos Gomes na categoria “Revelação”. Iniciou seus estudos musicais ao piano aos seis anos de idade, passando posteriormente ao violino.Em 1978, ingressou no Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis. Estudou regência com Roberto Duarte, Johannes Schlaefli e Kirk Trevor, e composição com Korenchendler. Em 1991, recebeu uma bolsa para estágio em renomados MusikInternat da Áustria e da Alemanha. Realizou o bacharelado em violino com Paulo Bosísio na Uni-Rio. Na área pedagógica, especializou-ze no método Suzuki, ministrou aulas de violino durante oito anos na Fundação Educacional de Volta Redonda. Como violinista, teve forte atuação profissional, sendo fundador do Quarteto Guerra-Peixe. Escreveu obras para metais e percussão, piano e canto, cordas, obras corais e uma abertura sinfônica. Venceu o 5º Concurso latino-americano para regentes promovido pela OSUSP. Em 1999, recebeu a Bolsa Virtuose, do Ministério da Cultura, tendo concluído o Aufbaustudium na Musikhochschule de Zurique. Em 2002, assumiu a direção da Orquestra Sinfônica da USP, tornando-a uma das melhores orquestras do Brasil. Em 2006, sob sua direção, a OSUSP venceu o XI Prêmio Carlos Gomes, na categoria “Melhor Orquestra Sinfônica”. Foi o primeiro brasileiro a atuar como professor de regência no International Workshop for Conductors, na República Tcheca, em 2006.

 

SONIA RUBINSKY

Sonia Rubinsky (Créditos: Cosimo Mirco Magliocca)
Sonia Rubinsky (Créditos: Cosimo Mirco Magliocca)

Sonia Rubinsky nasceu no Brasil onde iniciou seus estudos musicais no Conservatório Musical Campinas com Olga Rizzardo Normanha.  Aos 13 anos mudou-se para Israel onde obteve seu bacharelato em música pela Academia Rubin de Jerusalém.  Durante sua estadia neste país teve a oportunidade de tocar para Arthur Rubinstein que admirou seu temperamento, tendo sido selecionada para participar do filme Arthur Rubinstein em Jerusalém.  Aos 21 anos mudou-se para Nova Iorque para estudar na Juilliard School onde obteve seu mestrado e doutorado.  Atualmente vive em Paris.  Durante todo o seu percurso Sonia Rubinsky nunca perdeu o contato artístico e profissional com o Brasil. Recitalista nas grandes salas de concerto nova-iorquinas como Weill Recital Hall (Carnegie Hall), Alice Tully Hall, Merkin Concert Hall e Miller Theatre, a pianista se apresenta igualmente em outras cidades norte-americanas, na Europa e no Brasil. Como solista, Sonia ubinsky tem-se apresentado com várias orquestras dos EUA e, no Brasil, com a Orquestra do Teatro Municipal de São Paulo e do Rio de Janeiro, OSESP, Orquestra de Campinas, Orquestra da USP e Orquestra da Bahia. Sonia Rubinsky está gravando a integral da obra para piano de Heitor Villa-Lobos em 8 volumes para o selo Naxos. Os seis primeiros volumes lançados nestes últimos anos receberam excelentes críticas na Europa, Brasil, EUA e Canadá, sendo o primeiro volume escolhido como um dos cinco melhores CD’s de 1999 pela revista Gramophone e nomeado para o GRAMMY do mesmo ano e o quinto volume foi eleito Editor’s Choice da revista Gramophone em Outubro de 2006.  A sua discografia inclui igualmente obras de Mozart, Scarlatti, Debussy, Messiaen e Jorge Liderman. Intérprete excepcional do repertório clássico e romântico, Rubinsky inclui em seu repertório compositores do século XX e contemporâneos, tendo executado obras de: Elliot Carter, John Adams, George Edwards, Nicolas Roslavetz, David Schiff, Sebastian Currier, Sean Varah, Patrick Zimmerli, Almeida Prado, Ronaldo Miranda, Ricardo Tacuchian, Amaral Vieira, Marco Padilha, entre outros.  Em 2006 recebeu o Prêmio Carlos Gomes, categoria Pianista do Ano, atribuído pela Fundação Padre Anchieta e Rádio e TV Cultura.

 

Rosana Lamosa (Divulgação)
Rosana Lamosa (Divulgação)

ROSANA LAMOSA

Cantora de grande destaque nos palcos do Brasil, Estados Unidos e Europa, a carioca Rosana Lamosa é reconhecida como uma importante soprano brasileira. Deu início a sua carreira internacional com apresentações na Ásia e na Europa, especialmente em Portugal e na Suíça. Posteriormente, participou de Il Guarany em Lisboa, além de concertos pelos Estados Unidos. No Brasil, é presença freqüente nos principais palcos de ópera tendo participado das estréias mundiais das óperas Alma, de Claudio Santoro, e de A Tempestade, de Ronaldo Miranda. Recebeu o Prêmio APCA de melhor cantora erudita, em 1996, e o Prêmio Carlos Gomes, em 1999 e em 2002. Sua discografia inclui as Canções de Amor, de Claudio Santoro e Vinícius de Moraes com Marcelo Bratke (selos Quartz/Clássicos), a ópera Jupyra, de Francisco Braga com a OSESP (selo Bis), e as Bachianas Brasileiras nº 5, de Villa–Lobos com a Nashville Symphony Orchestra (selo Naxos).

ALMEIDA PRADO

José Antônio Resende de Almeida Prado, nascido em Santos, foi aluno de Camargo Guarnieri, com quem estudou composição. A partir de 1969, residindo na Europa, fez especializações na França e na Alemanha. Sua obra Trajetória da Independência recebeu do governo do Estado de São Paulo, em 1972, o prêmio Independência do Brasil. De volta ao Brasil, em 73, assumiu por um ano o cargo de diretor do Conservatório Municipal de Cubatão (SP). Em 1974, foi nomeado professor colaborador da Universidade de Campinas e no ano seguinte realizou audições e conferências na então República Federal da Alemanha. Entre 81 e 87, dirigiu o Instituto de Artes da Unicamp, onde em 1986 defendeu tese de doutoramento, tendo como tema sua obra Cartas celestes. Recebeu, em 1993 e 1996, o prêmio concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Em 1997 compôs Fantasia, para violino e orquestra, executada no Concerto de Louvação pela visita do Papa João Paulo II ao Brasil. É professor de composição e orquestração no Departamento de Música do Instituto de Artes da Unicamp desde 1975 e membro da Academia Brasileira de Música. 

 

HEITOR VILLA-LOBOS

Nasceu no dia 5 de março de 1887, no Rio de Janeiro. Recebeu sua primeira instrução musical aos seis anos, vinda do pai, que adaptou uma viola para que o filho pudesse estudar violoncelo. Autodidata, viajou pelo interior do Brasil pesquisando sobre folclore e entrando em contato com uma música diferente da que estava acostumado a ouvir: modas caipiras, tocadores de viola e outros tipos que mais tarde viriam a universalizar-se através de suas obras. Villa-Lobos passou a apresentar-se oficialmente como compositor a partir de 1915, com uma série de concertos no Rio de Janeiro. Foi duramente criticado pela imprensa devido à “modernidade de sua música”. Em fevereiro de l922, participou da Semana de Arte Moderna apresentando, dentre outras obras, as Danças características africanas. Viajou para a Europa em l923. Ao retornar de Paris, no ano seguinte, Manuel Bandeira saudava-o da seguinte maneira: “Villa-Lobos acaba de chegar de Paris. Quem chega de Paris espera-se que chegue cheio de Paris. Entretanto, Villa-Lobos chegou cheio de Villa-Lobos”. Voltou a Paris em l927, para organizar concertos e publicar várias obras. Em 1930, retornou ao Brasil para a realização de um concerto em São Paulo. Apresentou um revolucionário plano de Educação Musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e, com a aprovação do mesmo, passou a morar definitivamente no Brasil. Heitor Villa-Lobos morreu em 17 de novembro de 1959, no Rio de Janeiro.

 

O concerto aconteceu no ano de 2008, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação para a OSUSP.