LATITUDE 35º foi inspirado no oráculo milenar, o “I Ching”, que fornece uma importante chave para compreender e explicar o mundo e os fatos cotidianos. Ao reinterpretar esse oráculo chinês (utilizado como meio de auto – conhecimento desde o século VI A.C.) por meio de elementos coreográficos e cênicos, aquilo que se expressa sob a forma de metáfora ganhou materialidade e adquiriu um significado contemporâneo.

Nesse sentido, ao atualizar o “Livro das Mutações”, o espetáculo LATITUDE 35º, renovou o patrimônio simbólico e cultural dessa obra, e sua importância para a criação de pontes entre o Oriente e o Ocidente.

A adoção do “acaso” na composição cênica e coreográfica de LATITUDE 35° se deu a partir da interpretação de dez diferentes conjunções de “acasos” – revelados por meio dos chamados hexagramas – espécie de ideograma formado a partir de 6 linhas contínuas, ou interrompidas. Os hexagramas são obtidos através do jogo de 3 moedas, ou 49 varetas. Transformados em protocolos cênicos, esses “acasos” construíram a dramaturgia das cenas inspiradas na transcriação dos elementos propostos nos hexagramas por meio do corpo.

Nesse contexto, a ideia principal foi entrar no universo da performance art, onde o performer é a ponte de contato, o xamã contemporâneo que permite traduzir e combinar elementos que permitiu ao coreógrafo e ao público realizar novas interpretações da obra de forma que cada momento tenha seu caráter único. Os momentos únicos, diz Jung, “podem deixar marcas duradouras”.

A ideia de impermanência, daquilo que se reconstrói e que se esvai nos leva para a ideia de que a matéria que se tornou o suporte desta pesquisa é uma caixa de arroz, um material que permite construir e apagar, para depois reconstruir novamente, um palimpsexto de ideias que se sobrepõe, e criam uma textura, um novo texto que é suporte para as ideias colhidas dos hexagramas, e  daquilo que acontece no corpo do artista, ampliando a questão do acaso como fonte de busca e expressão das ideias.

LATITUDE 35º é um espetáculo realizado com apoio do Governo de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura – Programa de Ação Cultural 2011. Ainda tem o apoio da Fundacc, e Prefeitura Municipal de Caraguatatuba.

PERFORMAPA – SESC
Série de experimentações artísticas com o corpo, que trafegam entre diferentes linguagens, explorando-as de forma híbrida, no tempo e no espaço. Explicitam a noção de performance como manifestação artística emergente de diferentes ramos da arte, como artes plásticas, dança, teatro, vídeo, entre outras.

 

FICHA TÉCNICA

Criação, Concepção e Interpretação: Carmen Gomide

Direção Artística: Mariana Muniz

Música Original: Livio Tragtenberg

Figurino: Tânia Marcondes

Cenografia: Júlio Dojcsar CasadaLapa

Iluminação: Silviana Ticher

Vídeo Arte: Vj Scan

Fotos: Arthur Guttilla

Produção: Cristiane Klein (Dionísio Produção)

O evento aconteceu no ano de 2012, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação.