O filme ‘Família Alcântara’ (2004), que já passou por festivais de cinema da França e Espanha e estreou no HSBC Belas Artes. Com a direção de Daniel Solá e Lilian Solá Santiago, o documentário retrata a história de uma família descendente de africanos escravizados no sudeste brasileiro. Com o coral, as peças de teatro e as guardas de congada – atividades artísticas e religiosas – a Família Alcântara preserva a sua história e a mantém por gerações.
Através de sua trajetória particular, podemos vislumbrar a história da maioria do povo afro-brasileiro e de seus descendentes, de uma forma inédita no cinema.
O filme explora a cultura única criada pelos africanos escravizados no Brasil da etnia bantu – origem da maioria dos africanos trazidos para a América durante o período de escravidão, e seus descendentes demonstram como as questões históricas e sociológicas mais gerais influem na vida de cada um.
O documentário relata através das atividades artísticas e religiosas desenvolvidas pela Família Alcântara, a trajetória dos afro-descendentes escravizados no Brasil. Sem mesmo estar na África eles recriam a história e demonstram como fragmentos de memória podem proporcionar conexões históricas e espirituais, tornando-se uma fonte de resistência cultural e de identidade.
O coral que surgiu por iniciativa do maestro Pedro Antônio, é uma das atividades que têm mais visibilidade e destaque. Formado por 45 vozes, o grupo que reúne quatro gerações dos Alcântara apresenta um leque musical que inclui canções ligadas à cultura negra em dialetos africanos. Músicas religiosas, espirituais e blues, cantados em inglês, também fazem parte do repertório, além de ritmos afro-brasileiros e músicas do folclore chinês e do congo-belga completam a lista. Tudo isso está registrado em três CDs, que conta com as participações especiais de Chico César, Martinho da Vila entre outros. Com todo esse currículo, o coral já rendeu aos Alcântara, apresentações no Brasil e no exterior.
Já as guardas de congada, representam o lado espiritual e religioso dos povos afro-descendentes. Com a mesma estrutura básica de outras celebrações religiosas e culturais de origem africana, como a Marujada do Nordeste e o Maracatu pernambucano, eles desfilam pelas ruas com o rei, a rainha e sua corte acompanhados por músicos que tocam canções tradicionais e dançarinos que evoluem pelo caminho até a igreja das cidades por onde passam.
O filme foi lançado no ano de 2006, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação.