O Farol Santander São Paulo, centro de empreendedorismo, cultura, lazer e gastronomia, recebe, a partir de 17 de setembro, sua quinta exposição no ano, chamada A Outra Realidade. Sob curadoria de Marcello Dantas, produção da Magnetoscópio e colaboração da produtora Acute Art, a mostra coletiva reúne obras em realidade virtual desenvolvidas por proeminentes artistas contemporâneos dentro e fora do País, como Antony Gormley (Inglaterra) em parceria com a astrônoma Priyamvada Natarajan (Índia); os artistas interdisciplinares Laurie Anderson (EUA) e Hsin-Chien Huang (Taiwan); a dupla Motta & Lima (Brasil); além de Olafur Eliasson (Dinamarca).
Considerada parte do eixo de exposições de arte imersiva, já tradicional no Farol Santander SP, a mostra explora o potencial criativo da realidade virtual, que tem se
revelado nos últimos anos uma tecnologia promissora em diferentes áreas do conhecimento e conquista cada vez mais espaço como um novo meio artístico. A capacidade de criar mundos completamente novos, livres de formas e narrativas convencionais, permite que o público mergulhe nos universos criados sem limitações.
“Trazemos ao público a exposição A Outra Realidade, com obras que desafiam o espaço físico e nossa percepção sensorial, e produzem experiências que sobrepõem realidade cotidiana e plano virtual. A nosso ver, vivenciar essas e outras realidades pode ampliar nosso conhecimento e promover o estreitamento de relações com diferentes culturas.”; afirma Patricia Audi, vice-presidente de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander Brasil
A Outra Realidade nos convida a descobrir outras possibilidades e perspectivas, e a nos perguntar quais outras realidades gostaríamos de imaginar e que outro mundo queremos construir.
Ao todo, a exposição A Outra Realidade reunirá no 24º andar do Farol Santander SP quatro diferentes experiências de realidade virtual, independentes entre si e produzidas por sete criadores interdisciplinares.
As obras consistem em vivências únicas, que utilizam desde temas mais abstratos, até composições ligadas ao espaço e fenômenos naturais desenvolvidas por artistas com características experimentais como Laurie Anderson e Hsin-Chien Huang, que estão em seu terceiro trabalho juntos, após duas outras colaborações de VR premiadas internacionalmente. Laurie Anderson, considerada hoje uma das máximas referências em realidade virtual e pioneira em novas linguagens artísticas, já apresentou a obra To The Moon (Para a Lua), que estará no Farol Santander, durante o Festival de Cannes, em 2019. A americana é também a primeira artista a fazer uma residência na NASA.
A mostra marca, ainda, o retorno ao Brasil de trabalhos dos renomados artistas Olafur Eliasson e Antony Gormley, sucessos de público e crítica em outras exposições. Eliasson é um dos maiores artistas da atualidade, conhecido por suas instalações em grande escala, com caráter sensorial e que incentivam uma participação ativa do público. O artista explora a relação entre os seres humanos e a natureza, criando obras que abordam temas como crise climática e energia renovável. O dinamarquês ainda comanda o Studio Olafur Eliasson, um laboratório de pesquisa multidisciplinar, que reúne artistas, artesãos, designers, arquitetos, engenheiros, cineastas e historiadores.
O inglês Antony Gormley produziu em conjunto com a astrônoma indiana Priyamvada Natarajan, a obra Lunatik, com dados coletados pela NASA. Gormley é considerado um dos principais escultores da atualidade e, sua primeira exposição no Brasil, em 2012, foi uma das mostras mais visitadas daquele ano no mundo, segundo o Art Newspaper.
Já a dupla brasileira Motta & Lima, retorna ao Farol Santander SP, depois de três anos, quando participaram da mostra Luz e Arte. Em A Outra Realidade, os parceiros apresentarão a obra Memória Coletiva (2018), que será montada em versão inédita diretamente no ambiente expositivo, com a participação da equipe do Farol Santander como figurantes, provocando um diálogo do espaço com o público, a partir das técnicas de realidade virtual. A dupla está entre os mais destacados artistas brasileiros que trabalham na fronteira entre arte e tecnologia.
“Esta exposição parte da investigação dessa prática recente e como, do ponto de vista artístico, estamos criando uma realidade paralela. Trata-se de um meio que desafia nossa percepção e geralmente sobrecarrega a nossa capacidade cognitiva. Pode-se argumentar que as novas gerações, acostumadas ao ambiente digital e inovações tecnológicas, podem não estar sujeitas à sobrecarga sensorial da realidade virtual. Qual seria, então, o meio de arte para os mais jovens? O que fará com que eles tenham seu momento de revelação, de descoberta e decifração? A resposta emocional é, de longe, a manifestação mais importante da arte; a realidade virtual é um meio sem o objeto, mas repleto de respostas emocionais. Aquilo que não é, mas se percebe ser.“; afirma Marcello Dantas, curador da exposição.
Todo o andar da exposição será preparado para atender as recomendações das autoridades em relação aos protocolos sanitários. O ambiente contará com marcação para distanciamento de até 1,5m, álcool em gel, uso obrigatório de máscaras e, permanente e total higienização dos óculos de realidade virtual, a cada visitante que o utilizar.
A Outra Realidade – Descrição das obras
Lunático (Lunatick) 2019
Antony Gormley & Priyamvada Natarajan Produzido por: Acute Art
Lunático (2019) é a primeira colaboração em realidade virtual entre o artista Antony Gormley e a professora de astronomia Dra. Priyamvada Natarajan. Para criar a obra, a dupla utilizou dados coletados pela NASA para mapear uma viagem real e interativa, na qual se deixa a Terra, passando através da atmosfera, da estratosfera e do cinturão de asteroides, chegando até o espaço sideral. Essa experiência imersiva – realizada pela produtora de realidade virtual Acute Art – trata o corpo como um recipiente, livre de gravidade, recriando a experiência de flutuar no espaço.
O artista comenta que “a realidade virtual é a última ferramenta para estender nossa consciência para além dos limites de nossa condição e tornar realidade a nossa identidade cósmica”; a astrofísica indiana, por sua vez, afirma: “Sempre desejei compartilhar a magia e a majestade do universo em um caminho experiencial íntimo, e
este projeto, junto com Antony Gormley e a Acute Art, oferece uma emocionante oportunidade para uma viagem única de exploração”.
Para a Lua (To the Moon) 2018
Laurie Anderson & Hsin-Chien Huang
Nessa experiência, o espectador flutua pela paisagem da Lua em condições de baixa gravidade, passando por uma série de imagens baseadas em fatos e ficção. As cenas incluem constelações que apresentam formas de vida que estão se extinguindo; um museu de DNA em que o público voa por entre esqueletos de dinossauros; um terreno baldio tecnológico; e Snow Mountain, que é inspirada no enredo de filmes de aventura espacial.
Arco-íris (Rainbow) 2017
Olafur Eliasson Produzido por: Acute Art
Em Arco-íris, o artista Olafur Eliasson recria este fenômeno natural efêmero por meio de processos digitais interativos. Os espectadores entram em um ambiente imersivo e encontram uma fina cortina de água que cai suavemente. Assim como um arco-íris só aparece quando a luz, as gotas d’água e olho estão alinhados, o arco íris-virtual de Eliasson só pode ser visto quando o movimento do espectador produz uma correlação entre esses três pontos.
Memória Coletiva 2018
Motta & Lima (Gisela Motta e Leandro Lima)
A cor azul da sala cria uma referência marcante no espaço. Ao vestir o equipamento, o visitante começa a participar de uma experiência narrativa que reproduz exatamente o mesmo ambiente em que ele se encontra, e a sensação é de que nada de diferente acontece, pois o que ele vê através dos óculos é a mesma sala azul.
Aos poucos, vai-se percebendo a presença de pessoas entrando no ambiente, algo que se intensifica até que diversos indivíduos se aproximam e estabelecem contato visual. No centro do recinto, aquele que ali está passa a ser analisado por esse grupo, o que causa diferentes reações.
Apesar da potência dessa experiência a partir desse estímulo, tudo acontece apenas no plano do visível: somente dentro desse sistema e para aqueles que vestem os óculos de realidade virtual as ações se desenrolam, tal como ocorre em nossas relações atuais mediadas pelas redes sociais e por sistemas de comunicação digitais.
Sobre Marcello Dantas
Premiado curador interdisciplinar com ampla atividade no Brasil e no exterior. Trabalha na fronteira entre a arte e a tecnologia, produzindo exposições, museus e múltiplos projetos que buscam proporcionar experiências de imersão por meio dos sentidos e da percepção. Em 2020, foi apontado curador da 13a Bienal do Mercosul, que ocorre em 2022, em Porto Alegre.
Esteve por trás da concepção de diversos museus, entre os quais o Museu da Língua Portuguesa e a Japan House, em São Paulo, o Museu do Homem Americano e o Museu da Natureza, no Piauí, e o Museu do Carnaval, na Colômbia. Atualmente Dantas assina a curadoria do SFER IK Museo em Tulum, México.
Assinou a curadoria de exposições de artistas estrangeiros de renome como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Jenny Holzer, Michelangelo Pistoletto, Peter Greenaway, Rebecca Horn, Bill Viola e Laurie Anderson. Foi também diretor artístico do Pavilhão do Brasil na Expo Shanghai 2010, do Pavilhão do Brasil na Rio+20, da Estação Pelé, em Berlim, na Copa do Mundo de 2006 e integra o corpo de curadoria da Bienal de Vancouver desde 2014.
Sobre o Farol Santander São Paulo
Desde sua inauguração, em janeiro de 2018, o Farol Santander já recebeu mais de 850 mil pessoas e 21 exposições nos eixos temático e imersivo, divididas em cinco andares do centro de cultura, empreendedorismo, lazer e gastronomia. As atrações do Farol Santander ocupam 18 pisos dos 35 do edifício de 161 metros de altura que, por um longo período, foi a maior estrutura de concreto armado da América do Sul.
As visitas começam pelo hall do térreo, que conta com a Loja da Cidade e o famoso lustre de mais de 1,5 toneladas, seguindo até o Mirante do 26º que, após a revitalização, ganhou um Café especial, com uma das vistas mais famosas de São Paulo.
Do 2º ao 5º andar os visitantes podem conhecer a história do prédio e da própria cidade, no Espaço Memória, que tem mobiliários originais feitos pelo Liceu de Artes e Ofícios nas salas de reuniões, diretoria e presidência, ambientadas sonoramente para simular o funcionamento a época como Banco do Estado de São Paulo.
No subsolo do edifício, está instalado o Bar do Cofre SubAstor, onde funcionava o cofre do Banco do Estado de São Paulo desde 1947 (tombado pelo Patrimônio Histórico). O bar é ambientado com as características da época e pitadas contemporâneas em design e mobiliários, com cartas de drinks especiais, além de comidinhas.
Sobre a Acute Art
A Acute Art colabora com renomados artistas internacionais, novas mídias e tecnologia para produzir e exibir obras de arte em realidade aumentada (AR) e virtual (VR). As colaborações incluem peças com Marina Abramović, Olafur Eliasson, Antony Gormley,
Anish Kapoor, KAWS, entre outros. As obras são acessíveis em exposições e pelo aplicativo para celular da Acute Art.