O Farol Santander Porto Alegre exibe, a partir do dia 20 de dezembro (terça-feira), a exposição internacional de arte digital imersiva Intangível – A Arte de Shohei Fujimoto. Inédita na América Latina, a mostra do artista japonês é a última do ano a ser apresentada na instituição e fica em cartaz até 20 de março de 2023, ocupando o Grande Hall do histórico edifício no Centro da capital gaúcha.
Com curadoria de Antonio Curti, a exposição conceitual incorpora a tecnologia na arte para apresentar as dualidades da sociedade contemporânea que permeiam a eterna jornada de conhecimento e evolução da humanidade. Real e virtual e físico e digital se transformam em peças fundamentais nas obras de Shohei Fujimoto, que enfatizam a percepção cognitiva responsável por assimilar e atribuir valores e padrões sobre descobertas.
Assim, o artista resgata em suas obras os sentidos visuais e auditivos do público a partir de uma experiência imersiva do que se está contemplando. Como um processo primitivo e intuitivo, o poder da imaginação leva o espectador a sua forma mais abstrata e interior de interpretação: a intangível.
Para ressaltar a sua poética, a mostra foi desenvolvida em site-specific, isto é, planejada de acordo com a arquitetura do local de exibição que leva ao perfil inédito e exclusivo. No Farol Santander e, consequentemente, na América Latina, o asiático traz um recorde de instalações sob essa característica, que incluem obras de laser, fotografias em backlight e televisores.
Em Intangível – A Arte de Shohei Fujimoto, a obra de destaque é “Intangible Works”, fruto de um estudo do artista desde 2020. Composta por cerca de 450 moving lasers vermelhos, a grandiosa instalação audiovisual propõe o desenvolvimento de um organismo vivo que remete às conexões das redes invisíveis a olho nu essenciais para o ser humano na contemporaneidade.
Já “Dynamic Light Statics #1” e “Dynamic Light Statics #2” promovem uma experiência de sonorização individual por meio de fones de ouvido diante de uma instalação de laser. O trabalho questiona o tempo na era digital, que registra e processa uma imensa quantidade de dados para que a sociedade possa existir em harmonia.
Sobre Shohei Fujimoto
Shohei Fujimoto nasceu em Tóquio, em 1989, e se graduou pelo Instituto de Artes e Ciências Avançadas de Mídia (IAMAS) e pelo Departamento de Design da Informação da Universidade de Tama Art. Produzindo instalações e performances desde 2010, o artista mescla percepção cognitiva, espacialidade e uso mínimo da luz oriunda de projetores a laser em suas obras.
Expoente da arte das novas mídias, Fujimoto mergulha em experiências sensoriais que capturam movimentos, repetições e padrões visuais por trás de fenômenos e formas da sociedade e da humanidade, afim de enfatizá-los e complicá-los.
Ao longo da carreira, o artista já encantou públicos de diferentes continentes, como Ásia, Europa e América do Norte. Entre seus trabalhos, é possível ressaltar a sua passagem de 2012 a 2018 pelo coletivo japonês TeamLab, e as exposições solo na Artechouse NY, maior centro cultural de arte digital dos Estados Unidos, no Japan Media Arts Museum, em Tóquio, na WK Gallery, em Kyoto, e no Berlin Atonal, na Alemanha. Shohei também se destaca pelas performances ao vivo que já marcaram presença em grandes festivais de arte e novas mídias, incluindo o MUTEK, Gyoen Night Art e TADAEX.
Sobre Antonio Curti
Antonio Curti nasceu em São Paulo, em 1992, e se formou em Cinema pela FAAP. Aos 19 anos, criou o festival audiovisual Downtown, que ocupava locais esquecidos do centro da capital paulista. Em 2017, tornou-se sócio da THE FORCE, empresa de instalações de tecnologia na área de marketing e corporativo. Hoje, ao lado de Felipe Sztutman, está à frente da AYA, organização de arte e tecnologia focada em projetos culturais.
Interessado no diálogo entre as artes visuais, tecnológicas e imersivas, Curti já assumiu a curadoria de exposições voltadas ao universo real e virtual, como “Dimensão”, do duo Nonotak Studio, na Japan House, e “Metaversø”, que reuniu obras de seis artistas brasileiros de arte digital, e “Constelação”, com trabalhos da artista croata Maja Petric – ambas no Farol Santander São Paulo. Já em Porto Alegre, foi curador das mostras “Gigantas”, também do duo Nonotak Studio, e “Sombras Milenares”, do duo HYBYCOZO.
Sobre o Farol Santander Porto Alegre
Criado para relembrar o passado, marcar o presente e iluminar o futuro, o Farol Santander Porto Alegre completou três anos em março de 2022. Neste período, recebeu 11 exposições de artes visuais, em diversas temáticas, com artistas nacionais e internacionais, divididas entre os espaços do Grande Hall e do Átrio. Em 2022, o Farol Santander Porto Alegre ampliou sua atuação cultural com concertos de música clássica e popular, além de espetáculos de dança. Participaram respectivamente a Orquestra de Câmara da ULBRA e a Cisne Negro Cia. de Dança. O Cine Farol, no sobsolo do prédio, exibe programações com títulos e mostras cinematográficas de cineastas brasileiros e internacionais.
Projetos conectados à gastronomia, como o Restaurante PopUp!, além de inovações culturais como o Extensões e o Farol.Live, também passaram a ocupar o edifício no Centro da capital gaúcha. Neste ano, o Farol Santander Porto Alegre também marcou presença como uma das instituições participantes da Bienal do Mercosul 2022.
O histórico prédio, construído na década de 1930 e tombado pelo patrimônio histórico e artístico estadual, também possui atrações permanentes. Na Galeria, a exposição fixa Memória e Identidade apresenta a história da cidade, do prédio e da política monetária brasileira. Já no subsolo, a outra mostra permanente, Os Dois Lados da Moeda, conta com um importante acervo de numismática do Rio Grande do Sul, propondo uma analogia entre as moedas “oficiais” e “não oficiais” que circulavam na região Nas laterais da sala é contada a evolução da moeda oficial do estado brasileiro.
Além dos espaços já citados, o Farol Santander Porto Alegre conta ainda com duas arenas para discussões e debates acerca de temas como cultura e gastronomia. O subsolo do prédio ainda oferece aos visitantes o Kofre Café.