O Farol Santander Porto Alegre, centro de cultura, empreendedorismo e lazer da capital gaúcha, recebe, a partir de 18 de janeiro (terça-feira), sua primeira exposição do calendário de 2022. A mostra Sioma Breitman, o retratista de Porto Alegre, tem curadoria de Fernando Bueno e Andrea Pires, com produção da Prana Filmes e, apresenta um olhar sobre o trabalho do fotógrafo Sioma Breitman que conecta-se às comemorações dos 250 anos da cidade, que serão completados em março. Com cerca de 200 imagens selecionadas, incluindo algumas inéditas, a mostra ficará aberta ao público até 24 de abril.
Logo no início da exposição que ocupará o Grande Hall do edifício, os visitantes terão um percurso imersivo pela história de Porto Alegre no século 20, com destaque para a grande enchente de 1941, que Sioma registrou com maestria. Grandes ampliações de fotos de até 3mx5m, além de recursos audiovisuais, ambientam o público nessa jornada entre 1920 e 1970.
“A exposição Sioma Breitman – o retratista de Porto Alegre, apresentada pelo Farol Santander dentro do calendário de comemorações do aniversário da cidade, é uma mostra inédita em homenagem à capital gaúcha, que oferece ao público uma viagem no tempo pelo olhar refinado, poético e crítico de seu fotógrafo mais importante. Com esta mostra celebramos a arte e a cidade, reafirmando nosso compromisso com o resgate da memória de Porto Alegre e fortalecendo nossa missão de continuar a despertar a criatividade, fomentar a cultura e estimular a diversidade de seus habitantes”, afirma Patricia Audi, vice-presidente do Santander Brasil.
Nascido na Ucrânia, Sioma Breitman chegou ao Brasil na década de 1920 e escolheu a capital dos gaúchos como residência. Ali, estabeleceu relação não só com Porto Alegre, mas com o Rio Grande do Sul de maneira geral, retratando histórias, episódios e personagens famosos ou anônimos, nos âmbitos rurais e urbanos.
A sensibilidade ímpar de Sioma e sua apurada técnica manifestaram-se em vários estilos e temas fotográficos: dos retratos de estúdio aos flagrantes que obtinha nas ruas, dos casamentos da alta sociedade aos trabalhadores braçais, passando pelas experimentações surrealistas e painéis gigantescos de uma cidade que se pretendia moderna.
Sioma acompanhou o crescimento de Porto Alegre por mais de 60 anos e seus ateliers mudaram de endereço algumas vezes, mas foi na Rua da Praia, número 1281, que estabeleceu sua fama e construiu, pouco a pouco, uma carreira profissional sólida, que o levou a conquistar prêmios em várias exposições e a receber uma honraria bastante rara: o diploma da Federation Internationale de L’Art Photographique (FIAP), com sede na Suíça.
Ainda no exterior, Breitman também atuou como uma espécie de embaixador do Estado, tendo levado a exposição Rio Grande do Sul Através da Fotografia para países da Europa, Isarael e Estados Unidos. O fotógrafo também contribuiu diretamente com a fundação da Associação dos Fotógrafos Profissionais do Rio Grande do Sul, além de participar do Foto-Cine Clube Gaúcho.
Todas estas facetas de sua produção artística, desde o ofício comercial como retratista e fotógrafo de casamentos, passando pelo lado pessoal e criativo, revelado principalmente em suas viagens, até algumas experiências surpreendentes como foto-clubista, estarão representadas na exposição.
Protocolos de segurança e saúde
Para zelar pela segurança e saúde de seu público e funcionários, há medição de temperatura e tapetes sanitizantes e secantes para ingresso no prédio; é obrigatório o uso de máscaras; dispensers de álcool em gel estão disponíveis em todos os andares do edifício e o ambiente também conta com sinalizações para que todos respeitem o distanciamento. O Farol Santander POA ainda reforçou o serviço de limpeza e higienização de todo o prédio.
Sobre Sioma Breitman
Sioma Breitman nasceu na Ucrânia, em 1903. Desde criança, teve contato com a fotografia, pois seu pai era retratista profissional. Pressionada pela situação política conturbada, devido à Revolução de 1917 na Rússia, a família migrou para a América do Sul. Sioma foi para Buenos Aires, em 1922, enquanto seus parentes viajaram para o Rio de Janeiro em 1923. Depois de muitos contratempos, os Breitman reuniram-se em Porto Alegre.
Ao lado do pai, Sioma abriu um atelier fotográfico, no bairro Bom Fim, que reunia os imigrantes judeus em Porto Alegre. Depois de algumas mudanças de endereço, o negócio prosperou, com base em retratos e fotos de casamento. Sioma casou-se em 1926 com Rosa Axelrud Soltz, com quem teve dois filhos, Irineu e Samuel, que mais tarde também ajudaram o pai em suas tarefas no estúdio e no laboratório. Na década de 1930, Sioma abriu pequenos estúdios de fotografia em Cachoeira do Sul e Santa Maria, mas acabou voltando a Porto Alegre, fixando seu negócio definitivamente na Rua da Praia, com o nome de Foto Sioma.
Em 1941, Sioma fotografou a maior enchente da história de Porto Alegre, e algumas destas imagens tornam-se icônicas. Em 1946, Sioma fundou, ao lado de Olavo Dutra, a Associação dos Fotógrafos Profissionais do Rio Grande do Sul. Nos anos seguintes, fotos enviadas por Sioma foram aceitas em diversas mostras internacionais. Em 1957, Sioma recebeu um diploma da Federation Internationale de L’Art Photographique (FIAP), com sede em Berna, Suíça.
Em 1958, Sioma levou as exposições “Rio Grande do Sul através da fotografia” (autoria coletiva de fotógrafos gaúchos) e “Arte fotográfica” (individual de Sioma) a vários países da Europa e a Israel. A partir daí, é reconhecido como um “embaixador” informal do estado. Em 1960, Sioma encerrou as atividades do atelier Foto Sioma e começou a trabalhar com grandes painéis fotográficos.
Em 1971, aconteceu uma exposição retrospectiva da obra de Sioma, na sede do Banrisul (então BERGS), comemorando os seus 50 anos de atividade como fotógrafo. Escreveu, em 1976, “Respingos de Revelador e Rabiscos”, uma coletânea de textos autobiográficos editados pelo filho Irineu Breitman. Em 1979, foi realizada uma exposição de 23 retratos de Sioma no MARGS, que incluem fotos de Aporelly (o Barão de Irararé), Procópio Ferreira, Rubem Berta, Ruy Ramos, Érico Veríssimo e Flores da Cunha. Além destes, Sioma fotografou Vicente Celestino, Mário Lago, Raul Pilla, João Fahrion, Pontes de Miranda, Abel Carvalho e Roberto Zango.
No dia de 31 de janeiro de 1980, Sioma Breitman faleceu, aos 76 anos, deixando os filhos Samuel e Irineu, noras e netos.
Sobre Fernando Bueno (curador)
Fernando Bueno nasceu em Porto Alegre, em 1954. É bacharel em Publicidade e Propaganda. Como jornalista, iniciou a carreira no jornal Zero Hora. Foi colaborador do Jornal do Brasil, O Globo, Estado de São Paulo e Revista Manchete. Durante vinte anos, representou o The Image Bank, hoje Getty Images, no sul do Brasil.
Foi eleito duas vezes Fotógrafo do Ano pela ARP (Associação Rio Grandense de Propaganda ), e Anunciante do Ano com o The Image Bank, também eleito pela ARP. Desde 1976, possui seu próprio estúdio. Suas fotos estão catalogadas no Museé Français de La Photographie e fazem parte de várias coleções, entre elas a Coleção Pirelli/MASP e da MEP (Maison Europeenné de La Photographie).
Participou de várias exposições coletivas e individuais, tais como a Bienal de Roma e a Bienal de Fotografia de Bogotá. É sócio da BuenasIdéias, com o escritor Eduardo Bueno, que já editou mais 50 títulos ligados à memória e à história do Brasil. Em 2002, foi um dos fundadores do Canela Foto Workshops e, em 2013, ajudou a criar o Canela Instituto de Fotografia, do qual é o diretor executivo e curador de várias exposições. É responsável pela coleção de fotografias do Instituto Cultural Laje de Pedra.
Sobre Andrea Pires (curadora)
Andrea Pires é advogada, jornalista e repórter fotográfica. Participou da Exposição do Núcleo dos Jornalistas de Imagem, no Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa. É criadora e realizadora da exposição Mergulho no Inferno, sobre o sistema penitenciário do Rio Grande do Sul, no Espaço Cultural Quilombo das Artes.
Iniciou o trabalho de curadoria com a exposição Fotografia é uma Viagem, de Fernando Bueno, e, mais recentemente, com a exposição Reserva Selvagem, em Canela, e em Porto Alegre, na Bolsa de Arte.
Sobre o Farol Santander Porto Alegre
O Farol Santander Porto Alegre, centro de empreendedorismo, cultura e lazer completou dois anos em março de 2021. Neste período, recebeu oito exposições de artes visuais com artistas nacionais e internacionais e exibiu quinze programas especiais no Cine Farol Santander
O histórico edifício no Centro da capital gaúcha, também possui as exposições permanentes Memória e Identidade e Os Dois Lados da Moeda, que trazem a história da cidade, do prédio e da política monetária brasileira, além do Café Kofre; todos concentrados no subsolo da instituição.
Vale também destacar a versatilidade com a dinâmica de eventos, que disponibiliza todos os espaços do Farol Santander para locação.