O Farol Santander São Paulo, centro de cultura, empreendedorismo, lazer e gastronomia, inaugurou a exposição ExFinito, primeira grande mostra individual no país do artista chileno Iván Navarro, um dos mais destacados da arte contemporânea. Instalada no 22º andar, a mostra, com curadoria de Marcello Dantas e colaboração de Courtney Smith, artista visual e companheira de Iván Navarro, ficou aberta para visitação até fevereiro de 2021.
Essa foi a primeira vez em que o chileno exibiu no Brasil 14 obras inéditas que foram produzidas localmente, além da instalação de arte pública Escada (Caixa d’Água) que já foi exposta no Madison Square, em Nova York.
O 22º andar do Farol Santander foi transformado em uma grande instalação em forma de labirinto, com obras que exploram luzes e espelhos. A ideia conceitual de ExFinito foi provocar dúvidas, potencializar os nossos sentidos e descobrir quem somos e o que refletimos.
Em ExFinito, Iván utiliza elementos como espelhos, luzes, vidros e eletricidade, para o envolvimento do espectador em seu trabalho. Em uma experiência sensorial, o público se vê em um jogo entre corpo e visão, em uma dimensão paralela da realidade, na ilusão de um infinito.
Outro destaque é uma instalação externa na Praça Antônio Prado, também conhecida como Praça dos Engraxates, localizado em frente ao Farol Santander. Essa instalação externa, uma intervenção urbana do artista, se chama Escada (Caixa d’Água) e mede 4,67m de altura x 2,63 de largura e profundidade.
Iván teve seu trabalho exposto em relevantes museus e instituições culturais de cidades como Londres, Buenos Aires, Bilbao, Nova Iorque, Miami e Santiago, sua cidade natal, e representou o Chile na 53ª Bienal de Veneza, em 2009.
Sua obra está presente em importantes coleções, como a do Museu Guggenheim (Nova York) e a Pinault Collection (Paris), além de integrar as coleções permanentes do Museu Nacional de Bellas Artes do Rio de Janeiro e do Inhotim.
Navarro trabalha com um tipo de material específico, o espelho unidirecional, usado em salas de interrogatório, o que permite que a pessoa veja a imagem somente de um lado.
Outro aspecto fundamental nas obras de Iván Navarro são os usos de palavras refletidas que transformam a leitura de um objeto. Com tipografias da linguagem de neon, os reflexos infinitos produzem efeitos contrários sobre as grafias corretas de um texto.
Sobre Iván Navarro
Com conteúdo inquietante e aparência cativante, as esculturas elétricas do artista chileno Iván Navarro infundem a expressão máxima da arte ocidental do século XX com camadas de simbolismo político. Radicado em Nova York há mais de 20 anos, Navarro nasceu na cidade de Santiago em 1972 – apenas um ano antes do golpe militar que levou a Junta ao poder por 15 anos. Suas obras carregadas de conteúdo sócio-político compostas de neon, LED e material fluorescente são influenciadas pelas duas identidades do artista: tanto por sua criação sob a ditadura de Augusto Pinochet quanto por sua experiência diária inserido na sociedade contemporânea americana.
O artista começou a trabalhar com luzes ainda enquanto estudante, mas sua mudança para Nova York em 1997 contribuiu enormemente para a consolidação de seu trabalho usando a energia elétrica, tanto como material quanto como conceito. Ali, Navarro descobriu a história da Arte Conceitual, o design de móveis de Gerrit Rietveld e a estética minimalista desenvolvida por nomes como Donald Judd e Dan Flavin. Em termos de forma, as esculturas em neon de Flavin ecoavam as experimentações de Navarro com luzes, mas a natureza apolítica do movimento minimalista em um momento politicamente tumultuado como o da Guerra Fria era fundamentalmente uma antítese à abordagem artística de Navarro. Em relação ao conteúdo, o artista passou, então, a subverter a postura formalista, acrescentando significado às esculturas elétricas projetadas de acordo com os códigos minimalistas.
Sobre Marcello Dantas
Premiado criador interdisciplinar com ampla atividade no Brasil e no exterior. Trabalha na fronteira entre a arte e a tecnologia, produzindo exposições, museus e múltiplos projetos que buscam proporcionar experiências de imersão por meio dos sentidos e da percepção. Esteve por trás da concepção de diversos museus, entre os quais o Museu da Língua Portuguesa e a Japan House, em São Paulo, o Museu do Homem Americano e o Museu da Natureza, no Piauí, e o Museu do Caribe, na Colômbia.
Assinou a curadoria de exposições de artistas estrangeiros de renome como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Jenny Holzer, Michelangelo Pistoletto, Peter Greenaway, Rebecca Horn, Bill Viola e Laurie Anderson. Foi também diretor artístico do Pavilhão do Brasil na Expo Shanghai 2010, do Pavilhão do Brasil na Rio+20, da Estação Pelé, em Berlim, na Copa do Mundo de 2006 e integra o corpo de curadoria da Bienal de Vancouver desde 2014.
O evento aconteceu no ano de 2021, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação.
Créditos: Carol Quintanilha