“Melodrama”, de Filipe Miguez, esteve em cartaz no Teatro Tuca, em São Paulo. As situações e os personagens tipicamente melodramáticos foram cuidadosamente construídos, não com o objetivo de aderir ao gênero, mas de refletir sobre ele.
Duas histórias se entrelaçam. Em uma delas, Doralice enfrenta o cunhado Miguel para poder viver seu amor por Adolfo. Na outra, uma família atravessa as temáticas entre incestos e adultérios.
Percorrendo as tramas, dois personagens dão a linha mestra: um ébrio, remoendo a culpa de ter matado a mulher por suspeitar que era adúltera, e um desmemoriado, lutando por reencontrar sua própria história.
Feita ao lado do autor, a pesquisa que deu origem ao espetáculo consumiu dois anos, mais sete meses de ensaios. O objetivo do espetáculo foi revelar a estrutura do melodrama. Para chegar a esse ponto, a peça adotou uma fidelidade absoluta ao gênero. Ao mesmo tempo, inverteu as perspectivas.
É por fidelidade que ela se tornou um exercício de estilos. A saga da família incestuosa começa em cenas a Nelson Rodrigues, assume o clássico francês do século 18, passa por um seriado de TV, desemboca em um cabaré argentino e acaba como cena de ópera italiana. Também por fidelidade, são introduzidos elementos inesperados capazes de alterar a trama, como um irmão gêmeo do namorado Adolfo na história de Doralice.
Inversão e distanciamento surgem quando essa mesma história de Doralice, por exemplo, revela-se uma novela de rádio. A heroína da trama é “na verdade” a personagem vivida pela personagem.
Nesse jogo de “verdades”, os personagens de uma história podem assistir a outra em vídeo. Tornam-se, no palco, espectadores.
Ficha técnica
Peça: Melodrama, de Filipe Miguez
Direção: Enrique Diaz
Com: Drica Moraes, Susana Ribeiro, Bel Garcia, César Augusto, Gustavo Gasparini, Marcelo Olinto e Marcelo Valle
O espetáculo esteve em cartaz no ano de 1995, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação em parceria com Macida Joachim.
Créditos: Cláudia Garcia
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