O Centro Cultural Banco do Brasil trouxe, como parte da programação de suas Terças Musicais, o projeto inédito Conexão África. Apresentando manifestações artísticas sob diferentes aspectos de expressão, o evento teve por objetivo possibilitar ao público uma reflexão sobre a África e a herança cultural deixada por seus povos para o Brasil, e contou com a curadoria do músico brasileiro Luis Kinugawa. Sua realização marcou ainda a estreia em palcos brasileiros de dois expoentes da cultura musical africana da atualidade: os instrumentistas Bay Fall (do Senegal) e Billy Konatê (da Guiné). A programação trouxe também a cantora e coreógrafa guineana Fanta Konatê, integrante do grupo brasileiro Baratzil.

A programação musical foi aberta com show solo de Naná Vasconcelos. Além de já ter se apresentado como solista à frente de diversas orquestras sinfônicas e conjuntos de câmara, o instrumentista pernambucano se firmou também como um dos mais importantes músicos do país. Demonstrando que é possível uma convivência frutífera entre o jazz, a música erudita e os elementos afro-brasileiros, resgatou ainda sonoridades, ritmos e melodias ancestrais. Sua apresentação foi marcada pela interpretação de obras como Mundo Verde, Vamos pra Selva, O Corpo, Futebol e Nordeste, entre outras.

A segunda atração de Conexão África foi o percussionista brasileiro Décio Gioielli, que apresentou o repertório de seu primeiro CD, Kalimba, trazendo composições para instrumentos africanos tradicionais (como o próprio kalimba, da família dos lamelofones). Músico com formação acadêmica e integrante da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, Gioielli também acompanhou nomes como Caetano Veloso, Eliete Negreiros e Alzira Espíndola.

 O senegalês Bay Fall e o grupo brasileiro Baratzil deram continuidade à programação. Integrante de uma família de Griots (clã responsável pela tradição em seu país), Bay Fall aprendeu a tocar ainda criança, especializando-se nos instrumentos conhecidos como Sabars (ligado a festas e lutas típicas) e Rims (relacionado à religião). Em sua performance, o percussionista apresentou um repertório calcado no folclore tradicional, tocando músicas de domínio público em seu país, como Sikar, Barambay, Tchebugjen e Djadjefoi.

Já o sexteto paulistano Baratzil (palavra da língua Abanhengá – uma das mais antigas do mundo – que significa “Terra da Luz”) interpretou canções da Guiné e do Senegal e músicas criadas a partir de referências étnicas afro-brasileiras e também daqueles países. Fundado em 1999, a partir da proposta de se vivenciar a relação som / movimento baseada nas sonoridades étnicas (principalmente da África Oeste), o grupo trouxe em sua formação os brasileiros Aquiles Guimarães, Alexandre Santos, Luis Kinugawa, Rômulo Albuquerque e Maria Eugênia de Almeida, além da coreógrafa e cantora guineana Fanta Konatê (irmã de Billy Konatê).

A última atração do evento foi o percussionista Billy Konatê, da Guiné. O djembefolá – palavra que significa “pessoa que faz o djembê (espécie de tambor) falar” – contou em sua performance com a participação de Solo Keita, Sidima Keita, Namoury Keita e Fadima Konatê. Seu show teve ainda a performance de dançarinas que integravam seu balé, e que mostraram a sincronicidade das frases do djembê com a dança tradicional guineana. Billy Konatê aprendeu a arte do djembê quando criança, com seu pai, o também percussionista Famoudou Konatê, com quem participou de diversas turnês.

O evento aconteceu no ano de 2004, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação para o Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo.

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