Documentário relê a obra-prima do bailarino russo Nijinsky pelo olhar de cinco consagrados coreógrafos deste século

A segunda exibição do CICLO DE VIDEODANÇA ITAÚ CULTURAL, com uma mostra do acervo de obras históricas da Cinémathèque de la Danse de Paris, apresenta o documentário As Primaveras da Sagração. É uma oportunidade para conhecer ou rever a versão original e as releituras de uma obra que renovou a linguagem da dança neste século e se tornou um símbolo da modernidade, o balé A Sagração da Primavera.

O documentário será exibido no dia 25 de julho, domingo, às 17h, no ITAÚ CULTURAL em São Paulo e no dia 28, quarta-feira, às 19h30, no Auditório Brasílio Itiberê, em Curitiba, ambos com tradução simultânea e entrada franca.

As Primaveras da Sagração (VHS, cor, 61 min, 1993), concebido por Brigitte Hernandez e Jacques Malaterre e realizado por Jacques Malaterre, mostra a versão originalmente criada pelo bailarino ucraniano Vaslav Nijinsky, em parceria com o compositor russo Igor Stravinsky, numa interpretação recente feita pelos bailarinos da Ópera de Paris. Em seguida, o vídeo apresenta as releituras desse balé por coreógrafos de expressão da dança contemporânea: Maurice Bejárt, Pina Bausch, Marta Graham, Mary Wigman e Mats Ek.

A Sagração da Primavera inspira-se na mitologia pagã e descreve um ritual de fertilidade, no qual uma garota é sacrificada. Seu simbolismo a tornou uma obra-chave da história da dança uma fonte permanente de inspiração e para os criadores da dança moderna.

Estreando no Teatro de Champs-Elysées, em Paris, em 29 de maio de 1913, a montagem de Nijinsky provocou um verdadeiro escândalo. Seu trabalho rompia ostensivamente com as convenções e as regras da dança clássica. Em conseqüência, libertou o corpo dos bailarinos e lançou os fundamentos da dança moderna. Os elementos dissonantes e atônicos do compositor Stravinsky reforçam a ruptura com os padrões históricos.

O espectador poderá conferir as diferentes versões desse balé emblemático por meio do ritual erótico de Bejárt, da crueza dos bailarinos descalços de Pina Bausch, dançando sobre um chão coberto de terra, ou do olhar de Mats Ek, famoso por suas releituras de clássicos como Gisele ou Lago dos Cisnes, trazendo as obras para um contexto contemporâneo sem interferir em suas estruturas originais.

 

OS COREÓGRAFOS

Vaslav Nijinsky (1890  1950), nascido em Kiev, na Ucrânica, é considerado um dos mais importantes bailarinos do século XX. Como sua irmã, Bronislava Nijinska, estudou na Escola de Balé Imperial de São Petersburgo. Mudou-se para Paris em 1909 e, dois anos depois, tornou-se internacionalmente famoso com Petrouchka, sua primeira montagem das obras do compositor russo Igor Stravinsky (1882  1971). Viveu na Hungria durante a Primeira Guerra Mundial e realizou uma turnê internacional, antes de retirar-se do palco, em 1917.

Maurice Béjart (1927  ), coreógrafo francês, trabalhou em Paris e em Londres, na Inglaterra. Em 1954, criou em Bruxelas, na Bélgica, sua própria companhia, na qual atuou como coreógrafo e diretor. Voltou à França em 1979.

Pina Bausch (1940  ), coreógrafa alemã, estudou em Nova York, nos Estados Unidos. Depois de uma temporada no Metropolitan Opera Ballet Company e outro com o coreógrafo americano Paul Taylor, voltou à Alemanha e, na década de 70, começou a produzir seu próprio trabalho, que se mantém como um das referências da dança contemporânea.

Martha Graham (1894  1991), coreógrafa norte-americana, estreou em 1920 com o grupo da Escola de Dança Denishawn, de Los Angeles, e de 1923 a 1925 atuou no Greenwich Village Follies, de Nova York. Desenvolveu seu estilo a partir da década de 30, quando montou trabalhos inspirados nos índios mexicanos e, mais tarde, sobre a vida de mulheres famosas, como Emily Dickinson e Joana D’Arc. Criou também montagens sobre mitologia grega, como Clytemnestra (1958). Deixou o palco em 1969 e continuou trabalhando como professora de dança e coreógrafa até pouco antes de morrer. Conhecida pelo rigor, quase não deixou discípulos, embora os mais respeitados coreógrafos deste século tenha sido seus alunos, incluindo um de seus maridos, Erick Hawkins.

Mary Wigman (1886  1973), coreógrafa alemã, foi aluna do húngaro Rudolf von Laban (1879  1958), que criou os conceitos e os movimentos básicos da dança moderna européia. Abriu uma escola em Dresden, na Alemanha, em 1920, que até ser fechada pelos nazistas era o centro da Ausdruckstanz, uma dança teatral com técnicas inovadoras, que fugiam dos padrões clássicos. Depois da guerra, reabriu a escola em Leipzig.

Mats Ek (1945  ) é um bailarino sueco que provém de uma família de artistas. Seu pai, Ander, e sua irmã Malin eram atores, seu irmão Niklas ator e bailarino e sua mãe, Birgit Cullberg, uma célebre coreógrafa. Em 1962, na capital da Suécia, Estocolmo, aprendeu a técnica Grahan na escola de Donya Feuer, depois atuou ao lado do irmão, foi assistente do cineasta sueco Ingmar Bergman e trabalhou no Cullberg Balé, fundado por sua mãe. Entre 1985 e 1993, foi coreógrafo único e diretor artístico da companhia. Criou numerosas coreografias, como As Quatro Estações (1978), Antígona (1979), Caim e Abel e Giselle (1982), Carmen (1992) e Solo para Dois (1996), entre outras. Trabalhou em peças teatrais realizadas na Itália, Suíça, Israel, Finlândia, Alemanha e França. Suas recriações de peças clássicas o colocaram em uma posição de destaque no mundo artístico contemporâneo.

 

O CICLO DE VIDEODANÇA

Concebido e curado pela jornalista e crítica de dança Ana Francisca Ponzio, o CICLO DE VIDEODANÇA integra a programação do Núcleo de Artes Cênicas do ITAÚ CULTURAL, coordenado por Sônia Sobral.

Esta mostra do CICLO DE VIDEODANÇA exibe obras do acervo da Cinémathèque de la Danse de Paris, uma instituição criada em 1982 pelo Ministério da Cultura francês como parte da Cinémathèque Française, fundada, por sua vez, em 1936. Com um dos maiores acervos do mundo, a Cinémathèque de la Danse organiza programas culturais que divulgam as transformações da dança ao longo do século XX.

O CICLO DE VIDEODANÇA conta com o apoio cultural do Consulado Geral da França em São Paulo. Seu objetivo é abrir um canal de acesso permanente à história da dança e às manifestações contemporâneas, a partir de acervos prestigiados internacionalmente.

PROGRAMAÇÃO

Exibições aos domingos em São Paulo e nas quartas-feiras seguintes em Curitiba

25 de julho: Le Printemps du Sacre (documentário As Primaveras da Sagração), com tradução simultânea

1º de agosto: Achterland, de Anne Teresa de Keemaeker

8 de agosto: Loie Fuller et ses Imitatrice Abracadabra, de Phillipe Decouflé

15 de agosto: La Table Verte e When the Fire Dances Between two Poles, de Mary Wigman, com tradução simultânea

22 de agosto: Randam et Waterzooi, de Maguy Marin

29 de agosto: Noureev et Petipa, com tradução simultânea

5 de setembro: Danse en France

12 de setembro: Picasso et la Danse

19 de setembro: Heretic, a Dancer’s World e Night Journey, de Marta Graham

26 de setembro: Paris Danse Diaghilev

3 de outubro: Roland Petit, de Zizi Jeanmaire

CICLO DE VIDEODANÇA ITAÚ CULTURAL

Exibição de As Primaveras da Sagração (VHS, cor, 61 min, 1993)

Concepção: Brigitte Hernandez e Jacques Malaterre

Realização: Jacques Malaterre

O Ciclo de Videodança foi realizado no ano de 1999, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação para o Itaú Cultural.