Literatura inspira o encontro dos músicos Paulo Freire, Paulo Porto Alegre e Luiz Tatit

Músicas compostas sobre obras como Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e Dom Casmurro, de Machado Assis são o denominador comum das apresentações de Paulo Freire, Paulo Porto Alegre e Luiz Tatit, no Rumos Musicais, dia 28 de setembro, às 18h30, no Itaú Cultural.

A influência da Literatura na obra dos participantes do espetáculo deu origem a várias composições sobre personagens e ou situações descritos pela prosa brasileira em diferentes períodos.  Receita de Pacto e Manoelzão, por exemplo, são verdadeiras odes de Paulo Freire aos livros Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile, de Guimarães Rosa, o principal responsável pelo início de sua carreira como violeiro e contador de “causos” no interior de Minas Gerais.

O violonista Paulo Porto Alegre compôs Vidas Secas e Auto da Compadecida inspirado nas obras homônimas de Graciliano Ramos e Ariano Suassuna. Uma das histórias mais controversas da literatura nacional  – o dilema crucial de Dom Casmurro – é o tema de Capitú, de Luiz Tatit.

Os músicos

Paulo Freire nasceu em São Paulo, cidade onde iniciou seus estudos de música, mas sua formação em viola é fruto de uma estada no interior de Minas Gerais, região do rio Urucaia. Lá ele aprendeu a tocar seu instrumento favorito com Manoel de Oliveira e outros mestres da terra, aprofundando-se nos costumes e lendas do sertão. De volta a São Paulo, compôs e executou trilhas sonoras para os seriados Malú Mulher e Obrigado Doutor e, valendo-se da tradição que assimilou nos anos anteriores, criou a trilha da série Grande Sertão: Veredas.

Em 1995 fez uma turnê de viola-solo pela Europa, apresentando-se nos mais importantes festivais de World Musica da Bélgica e da Holanda. No mesmo ano gravou seu primeiro disco solo de viola: Rio Abaixo, trabalho que lhe rendeu Prêmio Sharp na categoria de revelação instrumental.

Sua paixão pela Literatura o impulsionou a escrever vários livros, entre eles Eu Nasci Naquela Serra, biografia dos compositores paulistas Angelino de Oliveira, Raul Torres e Serrinha, autores de músicas como Tristeza do Jeca, Saudades de Matão e Cabocla Tereza.

Atualmente, Paulo Freire é integrante da Orquestra Popular de Câmara, cujo primeiro CD foi lançado no final de 1998. Seu CD, São Gonçalo foi lançado pelo selo Pau Brasil neste mesmo ano. Com a viola, vem ganhando salas de concerto e gravando com artistas que transcendem seu universo artístico, como Arnaldo Antunes.

Paulo Porto Alegre foi aluno de alguns dos maiores violonistas de nossa época: Isaías Sávio, Henrique Pinto e Abel Carlevaro. Estudou composiçcão com Sérgio Vasconcellos Correia e análise musical com H. J. Koellreuter.

Como solista e integrante de formações de câmara (duos, trios e quartetos) vem fazendo apresentações por todo o país e o exterior. Em 1992, fez uma turnê solo pela Europa, apresentando-se em 16 recitais na Alemanha e na França. Paulo Porto Alegre também merece destaque por seu trabalho como arranjador, pela criação de mais de 500 arranjos, e como compositor, atividade que ganhou relevância em sua carreira nos últimos cinco anos, a partir da edição de uma de suas obras na Alemanha. Gravou dois LPs: Trio Opus Doze e Festival Villa-Lobos. Em 1997 lançou seu primeiro CD solo, A Queda dos Pássaros, com música do século XX para violão e o CD Trio, com obras românticas para flauta, viola e violão.

Luiz Tatit, músico e compositor paulistano, em sua atividade com o grupo Rumo – uma das maiores expressões da vanguarda paulista dos anos 80 – gravou seis LPs e dois CDs com 46 canções de sua autoria. É também co-autor de músicas interpretadas por Ná Ozetti e José Miguel Wisnik, além de ter composições gravadas por Daúde, Titane e Ney Matogrosso. No ano passado, lançou seu primeiro CD solo: Felicidade. Atualmente está preparando seu novo disco, O Meio , cujo lançamento está previsto para este ano.

O músico também é professor Livre-Docente do Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e autor dos livros A canção: eficácia e encanto (1986), Semiótica da canção: melodia e letra (1994), O cancionista: composições de canções no Brasil (1996) – uma análise de 22 canções significativas do repertório brasileiro dos anos 30 aos 70 – e Musicando a semiótica: ensaios (1997).

RUMOS MUSICAIS 1999

Criado para valorizar a produção musical em diversos aspectos, o projeto RUMOS MUSICAIS do ITAÚ CULTURAL, que desde 1997 divulga compositores e intérpretes de diversas vertentes da música brasileira, este ano pretende funcionar também como estímulo criativo para o meio musical.

Esta iniciativa tem sido viabilizada por meio de quatro ações básicas: encomenda de obras e de primeiras audições, encontro de grupos ou artistas de diferentes universos musicais, encontro da música com outras linguagens e a apresentação de grupos que tenham um trabalho extremamente original e importante.

Além disso, RUMOS MUSICAIS prevê o lançamento de dois CDs, com os artistas convidados que participaram do projeto em 1997 e 1998, e a gravação de um programa que será veiculado pela TV Cultura e pelo site da MTV. RUMOS MUSICAIS é uma realização do Núcleo de Música do ITAÚ CULTURAL.

Rumos Musicais, com “A Prosa Brasileira Cantada”, aconteceu no ano de 1999, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação para o Itaú Cultural.