A Orquestra Sinfônica da USP participou do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão – Dr. Luís Arrobas Martins. No Auditório Cláudio Santoro e sob a batuta de seu maestro e diretor artístico, Carlos Moreno, a OSUSP evocou a obra do finlandês Jean Sibelius (1865-1957), um dos mais importantes nomes da música erudita escandinava. No concerto, será interpretada a sua Sinfonia nº 2, considerada a mais popular e elaborada dentre as compostas por ele.
Camargo Guarnieri (1907-1993), primeiro regente e diretor artístico da OSUSP, também foi lembrado durante a apresentação com a suíte Brasiliana, composta por ele no ano de 1950 sob encomenda da Koussevitski Music Foundation, um instituto norte-americano de Washington DC, e cuja primeira audição mundial em concerto ocorreu em 1951. Neste ano, comemora-se o seu centenário de nascimento.
O outro compositor homenageado foi também o brasileiro Almeida Prado (1943 -), que estudou composição como aluno do próprio Guarnieri. Arcos Sonoros da catedral Anton Bruckner – meditação sinfônica, de 1996, é uma de suas composições exclusivas para orquestra e recebeu, no mesmo ano em que foi criada, o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Em 2007, o Festival Internacional de Campos do Jordão chegou à sua 38ª edição e prestou homenagem às mulheres, inspiradoras de inúmeros criadores e compositores através dos tempos. Ao todo, foram 48 espetáculos em 23 dias, realizados em seis espaços diferentes: Auditório Cláudio Santoro, Praça do Capivari, Capela do Palácio Boa Vista, Igreja Santa Terezinha, Igreja São Benedito e Espaço Cultural Cinema Dr. Além.
MAESTRO CARLOS MORENO
Carlos Moreno, natural da cidade de Petrópolis, RJ, vencedor do “Prêmio Carlos Gomes – Revelação”, é um dos mais requisitados maestros de sua geração, atuando como convidado das principais orquestras brasileiras e internacionais. Dono de sólida formação, iniciou seus estudos musicais ao piano com seis anos de idade, passando posteriormente a estudar violino.
Em 1978, ingressou na Escola Cantorum do Brasil para crianças, o Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, de tradição alemã. Teve como mestres os padres franciscanos Frei Leto Bienias, da Alemanha, e Frei José Luiz Prim. Obteve a rara oportunidade de conhecer profundamente a grande obra polifônica de Palestrina, Hassler e Bach, além do Canto Gregoriano.
Com sua voz privilegiada, atuou como solista-soprano em importantes obras como Laudate Dominum de Mozart, Missa em sol de Schubert, interpretando um diversificado repertório para menino cantor solista. Nesse mesmo período, estudou violino e música de câmara com o Prof. Nayran Pessanha e atuou como spalla da orquestra jovem Camerata Abrarte, dirigida pelo maestro Gilberto Bitencourt.
Especializou-se no método Suzuki, tendo dirigido e promovido em 1989 a criação de um forte movimento de orquestras infanto-juvenis em sua cidade. Em 1991, recebeu uma bolsa do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis e Juiz de Fora para realizar um estágio junto com os mais renomados MusikInternat da Áustria e da Alemanha: Sant Florian SängerKnaben, Meninos Cantores dos Bosques de Viena, Regensburgn DomSpatzen, Köln DomSpatzen. Realizou o bacharelado em violino com o professor Paulo Bosísio na Uni-Rio onde atuou como spalla da orquestra universitária dirigida pelo compositor Ernani Aguiar.
Na área pedagógica, ministrou aulas de violino durante oito anos na Fundação Educacional de Volta Redonda para a rede pública de ensino, sob a direção do maestro Nicolau Martins, sendo esse trabalho reconhecido internacionalmente. Como violinista, teve forte atuação profissional participando das orquestras Pró-Música de Juiz de Fora, Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Orquestra Sinfônica Petrobrás Pró-Música e Orquestra Sinfônica Nacional. Participou de inúmeras gravações com grandes nomes da música popular brasileira, além de ser membro fundador do Quarteto de Cordas Guerra-Peixe.
Estudou contraponto com o compositor David Korenchendler e regência, orquestração e análise com o Maestro Roberto Duarte. Como compositor, escreveu obras para instrumentos de metais e percussão, piano e canto, cordas, obras corais e uma abertura sinfônica. Carlos Moreno sempre aprimorou o estudo do canto paralelamente às suas atividades.
Em 1997, participou do International Workshop for Conductors, Ukraine, onde teve aulas com o Maestro Gustav Mayer. Entre 1998 e 2002, foi aluno do renomado professor e maestro Kirk Trevor em Zlin e Kromeriz na República Tcheca.
Em 1998, venceu o 5º Concurso latino-americano para regentes promovido pela OSUSP, sendo convidado para atuar em oito concertos na temporada da orquestra do ano seguinte. Em 1999, recebeu a “Bolsa Virtuose” do MinC para aperfeiçoamento em regência, tendo concluído o Aufbaustudium na Musikhochschule de Zurique , Suíça, em 2000, sob a orientação do Maestro Johannes Schlaefli. Em sua tese, apresentou a composição “Divertimento para Madeiras e Percussão”.
Em 2002, assumiu a direção da Orquestra Sinfônica da USP, tornando-a uma das melhores orquestras do Brasil. Realizando ciclos sinfônicos completos, trouxe para esse conjunto uma sonoridade própria, de alto nível técnico e interpretativo, registrada em diversas gravações ao vivo realizadas na Sala São Paulo. Com a OSUSP, Carlos Moreno vem executando importantes ciclos musicais, como os Choros de Camargo Guarnieri, as nove sinfonias de Beethoven, as seis sinfonias de Tchaikovsky, além das sinfonias e concertos de Brahms. Em 2006, sob sua direção, a OSUSP venceu o XI Prêmio Carlos Gomes, na categoria “Melhor Orquestra Sinfônica”. Nesse mesmo ano, foi o primeiro brasileiro a atuar como professor de regência no International Workshop for Conductors, na República Tcheca, participando também em 2007 como professor convidado.
JEAN SIBELIUS
Tido como um dos mais importantes nomes escandinavos da música erudita, Jean Sibelius, nascido no dia 8 de dezembro de 1865, é autor de composições marcadas pela melancolia das canções populares, das paisagens, da história e da mitologia da Finlândia, seu país de origem. A principal parte de sua obra é uma coleção de sete sinfonias, sendo que cada uma delas trabalha uma idéia musical e/ou desenvolver seu próprio estilo. Suas sinfonias continuam populares em gravações e salas de concerto. Dentre suas composições mais famosas, destacam-se Finlandia, Valsa Triste, Karelia Suite e O Cisne de Tuonela. Outros trabalhos incluem cerca de 100 canções para piano e voz, música incidental para 13 peças, uma ópera, música de câmara, peças para piano, 21 publicações separadas para coral e músicas para rituais maçônicos. Após ter vivido mais de 90 anos, Sibelius faleceu em 20 de setembro de 1957.
CAMARGO GUARNIERI
Mozart Camargo Guarnieri iniciou a carreira com o professor Virgínio Dias, que lhe deu suas primeiras aulas de piano e teoria musical, aos 11 anos. Em 1923, mudou-se para a capital paulista e em 1928 conheceu Mário de Andrade, responsável por sua formação estética e pelo interesse que desenvolveu em relação à cultura popular brasileira. Diversas canções escritas por Guarnieri, aliás, foram inspiradas em textos do escritor, incluindo a ópera Pedro Malasarte. Em 1935, foi nomeado regente da Orquestra Municipal de São Paulo, da qual também se tornou regente titular e supervisor em 1940. Em 1950 publicou a “Carta Aberta aos Músicos e Críticos do Brasil”, opondo-se ao atonalismo na música brasileira. É, tal como Heitor Villa-Lobos, um dos compositores brasileiros mais executados no mundo, e teve o conjunto de sua obra reconhecido pela APCA em 1977, que lhe conferiu o Grande Prêmio da Crítica. Pouco antes de sua morte, em 1992, recebeu o Prêmio Gabriela Mistral, da Organização dos Estados Americanos (OEA), que o elegeu o maior compositor contemporâneo das Américas. Atuou como regente das mais famosas orquestras do mundo e, de 1975 até a sua morte, esteve à frente da Orquestra Sinfônica da USP, como seu primeiro regente e diretor artístico.
ALMEIDA PRADO
José Antônio Resende de Almeida Prado, nascido em Santos, foi aluno de Camargo Guarnieri, com quem estudou composição. A partir de 1969, residindo na Europa, fez especializações na França e na Alemanha. Sua obra Trajetória da Independência recebeu do governo do Estado de São Paulo, em 1972, o prêmio Independência do Brasil. De volta ao Brasil, em 73, assumiu por um ano o cargo de diretor do Conservatório Municipal de Cubatão (SP). Em 1974, foi nomeado professor colaborador da Universidade de Campinas, e no ano seguinte realizou audições e conferências na então República Federal da Alemanha. Entre 81 e 87, dirigiu o Instituto de Artes da Unicamp, onde em 1986 defendeu tese de doutoramento, tendo como tema sua obra Cartas celestes. Recebeu, em 1993 e 1996, o prêmio concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Em 1997 compôs Fantasia, para violino e orquestra, executada no Concerto de Louvação pela visita do Papa João Paulo II ao Brasil. É professor de composição e orquestração no Departamento de Música do Instituto de Artes da Unicamp desde 1975 e membro da Academia Brasileira de Música.
FESTIVAL INTERNACIONAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO
Diretor Artístico: Roberto Minczuk
O Festival em 2007 homenageia a Mulher, inspiradora dos maiores criadores de todos os tempos, através das intérpretes e compositoras de extraordinária qualidade que se apresentarão em Campos do Jordão: a soprano Dame Kiri Te Kanawa, a pianista Cristina Ortiz e Sônia Rubinsky, o Trio Eroica, a trompetista Alison Balsom, a violonista Sharon Isbin, as sopranos Rosana Lamosa e Gabriela Geluda, além de Jocy de Oliveira, que será a compositora residente deste ano, entre outras. O Maestro Roberto Minczuk, diretor artístico do Festival, irá reger a Orquestra Sinfônica Brasileira do Rio de Janeiro e a Orquestra Acadêmica, formada pelos alunos e artistas residentes do Festival.
O Festival é uma realização do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria de Estado da Cultura, com produção do Centro Tom Jobim e acontece entre os dias 7 e 29 de julho.
O concerto aconteceu no ano de 2007, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação.
Foto: Carlos Moreno (Acervo da Marra Comunicação)