O EXPRESSIONISMO ALEMÃO

Sessão dupla exibe obras de Kurt Jooss e de Mary Wigman, que influenciaram os criadores da dança moderna

O próximo tema do CICLO DE VIDEODANÇA ITAÚ CULTURAL MOSTRA CINEMATECA DE PARIS é o expressionismo alemão, dia 15 de agosto, domingo, às 17h, no ITAÚ CULTURAL em São Paulo e no dia 18, quarta-feira, às 19h30, no Auditório Brasílio Itiberê, em Curitiba, ambos com tradução simultânea e entrada franca. A sessão, dedicada à obra de coreógrafos que influenciaram várias gerações de criadores da dança moderna, vai exibir A Mesa Verde (VHS, 37 min) sobre coreografia do mesmo nome, de Kurt Jooss, e When the fire dances between two poles (VHS, 43 min, 1981), de Mary Wigman.

Se nas artes  plásticas os expressionistas alemães distorciam as imagens para torná-las mais expressivas, a miséria e o desespero do pós-guerra, em que se inspiravam, deram novas formas também ao ballet. Os coreógrafos Kurt Jooss e Mary Wigman são os precursores desta tendência na dança moderna.

Kurt Jooss buscou a combinação entre teatro e dança em suas coreografias, com a intenção de mostrar as relações humanas sem atenuar as emoções negativas. Sua obra-prima, A Mesa Verde (1932), em exibição no vídeo realizado por Birgit Cullberg, comenta sem piedade os efeitos da guerra. É uma versão contemporânea da dança macabra medieval, na qual um esqueleto conduz todos para a morte. E foi justamente para fugir dela, caminhando passo-a-passo com a ascensão de Hitler, que a companhia deixou seu  país, levando para os Estados Unidos a vanguarda alemã.

Além do conteúdo pacifista do espetáculo, tanto seu compositor, Fritz Cohen, quanto a maior parte do elenco, eram judeus. Nessa atmosfera, a dançarina Mary Wigman rejeitou a beleza do ballet clássico em favor do poder da emoção. Como os pintores, ela tentou descobrir a essência da natureza humana exagerando as aparências. A Mesa Verde ganhou os aplausos da crítica e tornou-se uma referência na história da dança por fundir a sensibilidade moderna com a precisão clássica e, até hoje, é encenada por várias companhias de todo o mundo.

When the fire dances between two poles, filmado em 1981 por Allegra Fuller Snyder, mostra imagens preciosas da coreógrafa Mary Wigman explicando sua arte, a busca de inspiração na África e no leste da Ásia, assim como o recurso às máscaras.

OS COREÓGRAFOS

Kurt Jooss (1901-1979): dançarino, coreógrafo, professor e diretor alemão, foi um dos alunos do húngaro Rudolf von Laban (1879 – 1958), criador do método de notação mais utilizado em dança, com quem trabalhou.

Kurt Jooss foi nomeado diretor do departamento de dança na Essen Folkwang School, plataforma para a criação de sua companhia de dança e teatro. Sua contribuição para a dança moderna foi a reformulação dos excessos das técnicas do ballet clássico sem abandonar a disciplina. O trabalho mais conhecido de Jooss é, justamente, A Mesa Verde, de 1932. No ano seguinte, para escapar do nazismo, mudou-se para Londres e formou um novo grupo, o Ballets Joos, com o qual fez sucessivas turnês até retornar para a Alemanha, em 1949.

Mary Wigman (1886 símbolo 45 \f “Symbol” \s 11 1973): coreógrafa alemã, foi aluna do húngaro Rudolf von Laban (1879 símbolo 45 \f “Symbol” \s 11 1958), que criou os conceitos e os movimentos básicos da dança moderna européia. Abriu uma escola em Dresden, na Alemanha, em 1920, que até ser fechada pelos nazistas era o centro da Ausdruckstanz, uma dança teatral com técnicas inovadoras, que fugiam dos padrões clássicos. Depois da guerra, reabriu a escola em Leipzig.

O CICLO DE VIDEODANÇA

Concebido e curado pela jornalista e crítica de dança Ana Francisca Ponzio, o CICLO DE VIDEODANÇA integra a programação do Núcleo de Artes Cênicas do ITAÚ CULTURAL. A Mostra Cinemateca de Paris, que conta com o apoio cultural do Consulado Geral da França em São Paulo, exibe obras do acervo da Cinémathèque de la Danse de Paris, uma instituição criada em 1982 pelo Ministério da Cultura francês como parte da Cinémathèque Française, fundada, por sua vez, em 1936. Com um dos maiores acervos do mundo, a Cinémathèque de la Danse organiza programas culturais que divulgam as transformações da dança ao longo do século XX.

Com o objetivo da mostra de abrir um canal de acesso permanente à história da dança e às manifestações contemporâneas, a partir de acervos prestigiados internacionalmente, a curadora Ana Francisca Ponzio selecionou os vídeos pensando em fazer do ato de ver dança um hábito tão cotidiano como ir ao cinema. A localização do Itaú Cultural, em plena avenida Paulista, um ponto de fácil acesso e inserido no circuito cultural da cidade, é mais um ponto a favor do sucesso dessa iniciativa. O ITAÚ CULTURAL realiza as sessões aos domingos, às 17h, em São Paulo, e cede os vídeos à Secretaria do Estadual da Cultura do Paraná para outra exibição. Em Curitiba, os filmes são apresentados às quartas-feiras às 19h30 no Auditório Brasílio Itiberê.

PROGRAMAÇÃO

Exibições aos domingos em São Paulo e nas quartas-feiras seguintes em Curitiba

22 de agosto: Randam et Waterzooi, de Maguy Marin

29 de agosto: Noureev et Petipa, com tradução simultânea

5 de setembro: Danse en France

12 de setembro: Picasso et la Danse

19 de setembro: Heretic, a Dancer’s World e Night Journey, de Marta Graham

26 de setembro: Paris Danse Diaghilev

3 de outubro: Roland Petit, de Zizi Jeanmaire

10, 17 e 24 de outubro: a programar

CICLO DE VIDEODANÇA ITAÚ CULTURAL

Mostra Cinemateca de Paris

Exibição de A Mesa Verde (VHS, 37 min)

Realização: Birgit Cullberg

When the fire dances between two poles (VHS, p&b, 43 min, 1981)

Realização: Allegra Fuller Sayder

O Ciclo de Videodança foi realizado no ano de 1999, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação para o Itaú Cultural.