Para compreender a devoção, o livro “A Casa do Santo & o Santo de Casa”, de Rodolfo Witzig Guttilla, faz uma ampla análise das relações entre o catolicismo popular e o institucional. O estudo de Guttilla baseia-se na pesquisa de manuscritos e documentos originais (tais como Livro de Tombo, Livro de Crônicas, entre outros), periódicos, boletins, além de santinhos, pedidos, orações de autoria anônima e coletiva, deixados pelos devotos em peregrinação, bem como de extensa pesquisa de campo com mais de 800 devotos.

Apoiado nessa pesquisa, Guttilla apresenta elementos para uma compreensão mais profunda sobre o papel que a igreja e os fiéis desempenham na dinâmica do culto ao santo. O currículo de Rodolgo Guttilla abrange a poesia, a pesquisa, o jornalismo e a antropologia.

Amparado por uma ampla bibliografia, a obra sustenta-se em conceitos de consagrados autores como Max Weber, Pierre Bourdieu, Roberto DaMatta, Gilberto Freire, entre outros.

O livro traz que,no final do século XIX, a Igreja católica promoveu no Brasil uma ampla e implacável cruzada para substituir o catolicismo de tipo tradicional, que punha em relevo a dimensão devocional, por outro, mais alinhado a Roma, com ênfase na vida sacramental. É nesse contexto que surge, em 1940, no bairro do Jabaquara, em São Paulo, a devoção a São Judas Tadeu, por obra da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Passados 66 anos, a devoção irradiou-se para centenas de outras cidades do país, seja por meio de programas de rádio dedicados à sua devoção, como pela criação de igrejas consagradas ao santo, especialmente em grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte. O amplo sucesso da devoção deveu-se, em parte, ao engenhoso primeiro vigário, Padre João Buscher, que afirmou, em depoimento ao autor, ter feito “propaganda à beça” dos atributos taumatúrgicos e miraculosos do santo. Nesse sentido, pode-se afirmar que a devoção contou com uma pioneira campanha de comunicação e marketing, inusitada à época.

A obra foi publicada pela Landy Editora, em 2008, com a Assessoria de Imprensa realizada pela Marra Comunicação.