Paulo Moura apresentou na capital paulista, em 2003, o show Estação Leopoldina, na Choperia do SESC Pompéia. Foi um convite para o público dançar a noite inteira, relembrando os tempos em que a Unidade recebia o músico todas as sextas-feiras, para shows de gafieira que logo transformaram em sucesso absoluto de público na cidade. O repertório, composto por obras presentes no último disco do maestro e clarinetista, trouxe obras da nova geração do samba e do choro do Rio de Janeiro, além de composições de Vinícius de Moraes e Baden Powell, Jacob do Bandolim, Gilberto Gil e João Donato.
Com a discotecagem do DJ Tudo (Alfredo Belo), tocando sucessos da gafieira e esquentando a plateia, Paulo Moura e sua banda fizeram duas entradas. Como se conduzisse a audiência por um passeio pela região da Estação Leopoldina, no Rio de Janeiro, o clarinetista interpretou o samba em suas diversas vertentes, como o samba-choro das gafieiras do Irajá, o samba-forró do Campo de São Cristóvão, o pagode de mesa de Ramos e o samba-valsa dos bailes de debutantes. Numa linguagem contemporânea, revisitou os regionais dos anos 40 e 50, uma de suas influências musicais, que receberam novos arranjos.
O repertório touxe as músicas Pro Paulo (do acordeonista Chico Chagas), Estação Leopoldina (escrita numa parceria do maestro com Almazor Cavalcante), Simplicidade (de Jacob do Bandolim), Deve Ser Amor (de Vinícius de Moraes e Baden Powell), Bananeira (de Gilberto Gil e João Donato), Rala Coxa (de Rodrigo Lessa) e Oritimbó (de Rodrigo Campello), entre outras.
A banda que o acompanhou especialmente no SESC Pompéia trouxe Toninho Ferragutti no acordeon, Paulinho Paulelli no baixo, Edu Ribeiro na bateria, Marcos Teixeira na guitarra e violão sete cordas, Edmilson Capelupi no cavaquinho e violão sete cordas, e a dupla Guelo e Ari na percussão.
PAULO MOURA
Integrante de uma família de músicos – seu pai era mestre de banda –, Paulo Moura iniciou sua carreira tocando piano e clarineta em sua cidade natal, São José do Rio Preto. Tornou-se o primeiro instrumentista negro erudito a obter a primeira colocação em concurso para clarinetista da Orquestra Municipal do Rio de Janeiro, cidade onde veio a se instalar. Formado pela Escola Nacional de Música, tocou em cassinos, bailes, festas e consolidou seus estudos em regência, orquestração e arranjo.
Apresentou-se em países como Grécia, Rússia – onde chegou a reger a Orquestra Sinfônica de Moscou –, Argentina, França, Holanda, Inglaterra, Dinamarca, Suíça, Alemanha, Espanha, Estados Unidos, África e Japão. Participou de festivais internacionais, realizados em Berlim, Zurique, Gênova, Porto, Tóquio, Nova Iorque e Tel-Aviv.
Ao longo de sua carreira, vem se dedicando tanto à música erudita quanto à música popular, promovendo o encontro do choro com o jazz. Com cerca de trinta discos lançados, no Brasil e exterior, em 1992 recebeu o prêmio Sharp de melhor instrumentista popular, pelo álbum Dois Irmãos, gravado ao lado de Raphael Rabello. Como arranjador, realizou trabalhos para nomes como Elis Regina, Fagner e Milton Nascimento. Em 1977, é oficializado em São José do Rio Preto o Festival Paulo Moura de Música Instrumental, que desde então está sob sua direção musical.
O evento ocorreu no ano de 2003, com a assessoria de imprensa da Marra Comunicação.